sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

O Milagre


A tempestade na Madrugada transformou o abrigo do pequeno índio em mar de lama e entulhos. Que sem piedade, o arrastaram para bem longe dali.
- Lua, não me deixe agora.
O bom nadador lutava bravamente contra a correnteza.
- Bem qui Maria falô prá num acredita dimais no tal di natal. Mais eu num quero que seja assim.
Lutou e chorou no meio da enxurrada o desabrigado.
Foram tantas lágrimas...
Lágrimas que se misturavam a chuva.
Chuva que levava a sujeira.
Sujeira que se transformava em barro.
Barro que virou lama.
Lama que reforçou a fé.
Fé que moveu a montanha.
Montanha que se formou sobre o capricho.
Capricho sobre o lixo.
Lixo que quase destruiu a natureza.
Natureza da renovação.
Renovação, graças à erosão.
Erosão que faz renascer a vida.
Vida, por que existe milagre.
Milagre do Natal.
Natal que apesar de tudo ainda existe, a tempestade passou... A manhã de sol brindou o flagelado; o arco-íris ilustrou a estiagem.
O índio abriu os olhos sem saber se devia chorar ou sorrir, agradeceu então:
- Brigado Lua, eu sempre acreditei!
A chuva lavou a sujeira da cidade grande que encobria o tesouro.
Vasta vegetação entre bambus e outras, matéria prima que o menino precisava para preservar a cultura de seu povo. Ele, o único sobrevivente.
Valiosas peças seriam encontradas, futuramente, no velho barracão do Anjo Tropeiro.

Autor: Neusir – Índio ( 27/12/11 )

Nenhum comentário:

Postar um comentário