quinta-feira, 21 de maio de 2015

O Palhaço Gleizzon / Capuz / Estado de Sítio.



Era final de outono na cidade onde Gleizzon vivia, a noite o vento soprava gelado, isso fizera com que nosso jovem palhaço contraísse uma incomoda tosse, seca e irritante.
Ele saia da casa de sua namorada, sim ele tinha uma namorada. Um abraço carinhoso e uma expressa recomendação: - Coloque o capuz, pois está resfriado. Gleizzon obedece.
Ele caminha até o ponto em passadas apressadas, pois segundo seu celular o ônibus passaria em instantes. Dobrando a esquina, com as barbas enterradas no capuz e as mãos enfiadas nos bolsos do agasalho, o jovem avista duas silhuetas em torno de uma moto. Eram duas moças, uma pilotando e a outra de garupa.
A moça da moto começa a gritar com a garupa, que não entende bem o que se passa. Então a garupa avista Gleizzon indo em direção a elas, que estavam paradas em frente ao ponto de ônibus, e apressa-se a subir na moto.
Neste instante o jovem entende o que se passa, confundiram o palhaço com um bandido. Que pena para ele, como se explicar sem assustar ainda mais? E afinal, havia algo a ser explicado? Ele só estava se agasalhando para não adoecer ainda mais!!!
Gleizzon pensa em gritar: - Eu só quero pegar o ônibus, se acalmem!!! Mas isso lhe pareceu ser uma péssima ideia. Então ele pensa em tirar o capuz e acenar, mas talvez nem prestassem atenção. Muitas coisas passaram pela cabeça de Gleizzon naquele instante, e a melhor delas foi a de parecer inofensivo. Como? Virando-se de gostas era a resposta, afinal como atacar alguém estando de costas?
É parece que funcionou, as moças saíram com a moto e Gleizzon ficou sozinho no ponto de ônibus. Ficou meio apreensivo, afinal, será que foi isso mesmo? Será que elas foram embora pensando que o pobre palhaço era um bandido? Poderia mesmo ser isso. E o pior, era compreensível.
Tanta tragédia televisionada e estampada nas manchetes dos jornais. Vivemos em estado de alerta, em estado de sítio. O que era para ser um simples encontro entre pessoas em um ponto de ônibus, numa noite de inverno, transforma-se em um drama, em uma tragicomédia.
Bom, em sua casa, Gleizzon resolve não pensar mais nisso, toma um chá com limão e deita-se, pois o amanhã seria mais um duro dia na vida do jovem palhaço...

Marco Aurélio.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Classe Média Paulistana.



Ora, ontem não foi feriado, as ruas vazias e nos novos tempos até os protestos são privados, de dentro da ignorância, os direitos esquecidos, a classe ameaçada, de uma falsa ameaça. cá estamos os proletários vendo a mais triste constatação reacionária da da classe média brasileira, enfim os cordeiros em frente à morte, que não é a foice e nem o martelo, sua arma é varinha mágica do capital.
Por mais sem querer que seja a classe média paulistana demonstra saber que não é preciso ir as ruas.
Não quando se está do lado mais forte da corrente, quando não importa o tamanho do microscópio necessário, suas demandas serão ampliadas e mostradas a Deus e ao Mundo.

A classe média representada pelos pequenos e médios comerciantes e industriais junto com o pequeno campesinato, se aliam a esquerda pela manutenção de direito, por isso ela é reacionária, a classe média brasileira é reacionária sem se aliar a esquerda, ou seja, a classe média brasileira é suicida

Otávio Schoeps e Marco Aurélio.

Professor Pedro / Panelaço / Namorada.



Nos primeiros dias de maio fazia um friozinho gostoso durante o dia, e, ao final da tarde, um suave vento gelado dava aquele tempero de inverno para um café bem quente.
Pedro, sentado em sua escrivaninha, rabiscava um caderno, tentava encaixar umas rimas e esquematizar versos para sua pequena; iriam encontrar-se em instantes. Ele passa as mãos por entre o emaranhado de fios pretos que compõe sua barba, toma um generoso gole de café - quase sem açúcar - e pensa, escreve, rabisca, amassa, recomeça...

No entanto, algo inusitado acontece enquanto Pedro trabalha em seus versos, um estranho barulho de metal tilintando invade os cômodos de sua casa. Ele procura a origem do som e percebe que o barulho vinha de sua vizinhança. O que seria?
Ele abandona o poema e pensa por uns instantes, então uma suspeita surge em sua cabeça, ele decide ligar a TV para confirmar... Sim! Era isso mesmo, estava passando o programa do PT...
Pedro desliga o aparelho e volta para seus versos, termina e enfia no bolso da calça, veste sua jaqueta jeans surrada e sai em direção a praça, onde sua namorada o encontraria.
Caminhando pelas ruas, suavemente acinzentadas pela atmosfera de outono, ele reflete sobre o momento que vive seu país. Era estranho, parecia que as pessoas não mais conseguiam pensar, as ideias apresentavam-se estáticas, imóveis, estéreis. De um lado um governismo bobo e inocente, completamente castrado de senso crítico, de outro a mais vil ignorância daqueles que perderam um pouco dos privilégios e vociferam, deixando transparecer toda violência de seu "Ethos Senhorial".


Pedro estava preocupado, a situação não ia bem, estava em greve e sem salário, suas economias minguavam, aguentaria mais um mês apenas... E pensar que gostaria de viajar nas férias, fazer o que...
A conjuntura era difícil de ler, muitas ideias difusas estavam ocultas na neblina da dicotomia PT e PSDB.
A praça se aproximava, ele espanta suas incertezas e se concentra apenas no passeio com sua pequena. Afinal, tudo ia mal, mas sempre haveria tempos para uns versos e uma volta na praça, uma cerveja numa mesinha de bar e longas conversas sob o céu estrelado.
Pedro e sua pequena sabiam, nenhuma adversidade econômica seria capaz de embrutecer seus corações!!!

Marco Aurélio