sábado, 23 de junho de 2012

Gente Estúpida



Venho, nesta madrugada, falar de gente estúpida. Pois é, não que eu seja um exemplo de intelectualidade e finos modos, mas o caso é que ultimamente as pessoas têm se esforçado em baixar o nível das conversas, é estupidez que não acaba mais.

Tem gente que gosta de defender a policia militar, sem nem ao menos pertencer a esta famigerada instituição. Tem gente que gosta de perder o tempo de suas vidas pensando em formas de avacalhar o Corinthians, e neste momento, somente neste momento, evocam a história para corroborar com sua crítica ao finalista da Libertadores da América. Falam com tanta animação em Libertadores da América, mas nem ao menos sabem quem foram eles.
É uma lástima, mas a coisa ainda consegue ficar pior. Quando chegam os caras que nunca, eu disse nunca, desgrudaram a bunda da cadeira para participar de um protesto sequer vêm lhe acusar de ser organizador de protestos furados. Ora, vejam só que gente hipócrita. É muito triste.
E hoje em dia ninguém mais discute nada, ninguém mais sabe discutir nada. Não há o menor embasamento teórico, as pessoas colocam o Ego na frente do pensamento e tudo quase sempre acaba em um "argumentum ad hominem".
Fico triste, fico perplexo, ao perceber que com esse contexto dificilmente mudaremos qualquer coisa, nunca estivemos tão separados, nunca estivemos em um momento tão funesto. Momento triste nós vivemos, onde é mais agradável e proveitoso discutir com as criancinhas da 5ª série do que com os marmanjos de vinte e poucos anos que navegam nas redes sociais.


Boa Noite.



Marco Aurélio

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Escravos assalariados


Você vê seus sonhos serem todos massacrados nas ondas do destino, vê a conquista alheia, a dor de olhar pra frente e não poder apagar o que está ali. Perceber que a vida é uma só, e que não basta a força de vontade quando nada age a seu favor. Se encontra tendo que aprender a encontrar volúpia no dia-a-dia que lhe foi imposto. Nascer, crescer, estudar, estudar, estudar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, morrer. E entre algumas lacunas tem tempo pra viver. É assim então, como todos são predestinados? A se matar de estudar assim se preparando para ser um servo, e se a vida te dá sorte, ter alguns? Todavia, não estamos aqui para viver, nós estamos aqui para trabalho. Se porventura, você tiver intervalos onde lhe é permitido viver, escravo bom, viva! Mas é menos importante, faça seu trabalho, querido, é pra isso que você está aqui. Viver, só de vez em quando. 


Gabriela Godinho

terça-feira, 19 de junho de 2012

Nossas vidas são um desencontro. E este é o meu fim.

De todos os meus defeitos, o pior é sentir demais. Amar demais, sofrer demais, morrer demais. Não me acontece nada mais que o normal por anos, meu amor. E viver nessa angústia é pura estupidez. Eu sou inteira e sou meia. Sou os meus escritos em mim. Se perder num mar de palavras não é tão bom quanto parece. É difícil sair quando se está afogada. Mas eu mergulhei porque quis e me afundei na areia sem querer. Das minhas dores, não saberei dizer qual foi pior. Também não saberei dizer qual foi mais passageira. Algumas se foram sozinhas e outras, bem… outras continuam aqui. Estou muito bem por fora… e completamente morta por dentro.

- Isabella Gomes

quarta-feira, 13 de junho de 2012

O Palhaço Gleizzon / Estacionamento / Hipermercado


Era segunda - feira, 11:11 da noite, o jovem Gleizzon saia de um duro dia de trabalho. Suas faces estavam marcadas pelo cansaço, a mente era um turbilhão, e caminhar do carro até a geladeira de cervejas já foi um descanso para ele.
Já de volta ao estacionamento, Gleizzon saboreava sua cerveja, tratava-se da mais que merecida recompensa pelo esforço que fizera durante o dia, tratava-se não apenas de um prazer, mas também da reconstrução da força de trabalho.
Gleizzon tateia os bolsos de sua jaqueta jeans surrada, depois de procurar um pouco encontra seu maço de cigarros amassados. Ele retira um e acende.
Enquanto fumava e bebia no estacionamento, observava as pessoas que passavam, observava o céu cinzento e o sereno gelado que se acumulava sobre os carros. Estava reflexivo, era como se aquele fosse seu momento de maior lucidez. Após cumprir suas funções na sociedade, esse era o momento em que poderia pensar por si só.
Porém, o jovem palhaço sabia, toda aquela reflexão seria engolida pelo sono e na manhã seguinte já teria de pensar de acordo com a rotina de trabalho, entrar no ritmo da grande cidade. Assim se foi mais uma madrugada na vida do jovem Gleizzon.


Marco Aurélio

terça-feira, 12 de junho de 2012

A morte da namorada de Zé Camarão


Contrariando o senso comum, Zé Camarão arranjou uma namorada; seu nome era Ana Júlia, muito conhecida no bairro e mais conhecida por sua fama de vadia. Zé Camarão conhecia há um tempo e era um dos poucos que ainda não tinham ficado e isso o incomodava muito.
E foi numa noite de lua cheia que ela aparece na fissura para “fazer a cabeça” e sabendo que Zé Camarão sempre porta o que ela procura. Zé Camarão estava sentado na frente do portão da casa do seu amigo Pequeno, tocando violão e mal dizendo o mundo e Ana Júlia aparece toda doce e fazendo voz melosa e diz:
--Zé me arranja um fininho?
--Demorô gata, vamu na beira do córrego que é limpeza.
             ZÉ se despede de Pequeno, que já estava indo dormir e foi com a bela Ana Júlia “fazer a cabeça”.
            Chegando a beira do córrego, o mau cheiro estava insuportável, mas a presença de Ana anulava o cheiro na cabeça do Zé que nem sentia mais o mau cheiro; já muito doidos os dois se atracam feito animais no cio e Zé pensa, “Pele mais macia que revista”.
E no dia seguinte não sentem nem ressaca moral e assumem o relacionamento e como tudo na vida de Zé Camarão é peculiar, nada de parabéns pela relação, os comentários são os mais preconceituosos como:
--Que merda Zé, fica com aquela vadia tudo bem, mas namorar é foda.
--Putz, Zé você é um trouxa mesmo.
E por aí vai...
Ao som de muito Rock and Roll, entorpecidos de álcool e outras coisas vivia feliz o casal “nóia” da quebrada.
  O dia estava chuvoso e Zé Camarão pega o guarda-chuva e vai até casa de sua mina, levando uma garrafa de vinho e um baseado, nada mais romântico para Zé Camarão, chegando lá escuta a noticia que ela morreu no banheiro. Zé pergunta como ela morreu e mãe dela apenas chora e não responde.
Zé fica sabendo como ela morreu do pior jeito, pela boca das pessoas que nada sentiam por ela a não ser desprezo, que lhe contaram:
Mano sua mina era doida subiu em cima da privada para se masturbar com o rodo e a privada não agüentou o peso dela e quebrou enquanto o rodo ainda estava dentro dela, mano que doideira.
Depois desse dia Zé nunca mais conseguiu secar o banheiro depois do banho.

OTÁVIO SCHOEPS




Professor Pedro / Dia dos Namorados


É dia dos namorados, 12 de junho, dia feliz, dia de trocar presentes; data comercial. O jovem Pedro está em sua casa, em breve terá que sair para trabalhar. Ele se serve de uma boa dose de café e fica sentado em sua poltrona - pensativo.
É uma bonita manhã de inverno, o sol ainda tímido começa a espantar a neblina que se formara durante a madrugada. Pedro olha para a TV desligada, e decide que prefere deixá-la assim, caso contrário terá que assistir as propagandas piegas que falam sobre o 12 de junho.

O jovem docente se lembra de Debord, e de como ele descreve nossa sociedade como um grande espetáculo. 
É, quem iria imaginar que além de ficarem com o lucro de nossa força de trabalho, ficariam com o lucro de nossos sentimentos. Todas as nossas necessidades são exploradas. O capitalismo definitivamente é eficiente em explorar as pessoas. Pedro reconhecia isso.
Todo ano era a mesma coisa, o comércio faturava em cima da fragilidade das pessoas, que buscam encontrar em relacionamentos amorosos algo que preencha o grande vazio de suas vidas. Porém, segundo Camus, não há preenchimento para este vazio, a vida é um absurdo e somente se manter em estado de revolução permanente pode ajudar. Ou isso, ou o suicídio - que o próprio pensador desaconselha.
Claro, amar é importante, mas com consciência. Pedro também tinha alguém, ele não seria hipócrita de negar isso. O que ocorre é que a grande maioria das pessoas, se deixa levar pela onda midiática que diz que parar agradar é preciso consumir exacerbadamente.
O consumo é inevitável, sem o consumo não somos cidadãos nessa sociedade maluco. Ao menos o dinheiro para uma coxinha o indivíduo precisa ter, caso contrário será marginalizado. Porém, os tubarões do comércio abocanham a maior parte de nossa renda, com coisas que muitas vezes nem precisamos. Enfim, Pedro estava apenas pensando...e pensando.
Já era hora de descansar o pensamento, afinal em breve teria que trabalhar. Certamente no final de semana irá sair com Lindsay, e então lhe entregará o presente dela...


Marco Aurélio

O Amor , existe ?

Amor e uma palavra forte , que antigamente era falada com tanta sinceridade , franqueza e respeito . Hoje em dia todos falam “eu te amo “ da boca pra fora , como se fosse “ Oi “ , os jovens de hoje em dia falam isso a toa , um belo exemplo e , um garoto começa a namorar e diz já logo de cara “eu te amo “ , mas ele nem sabe o significado disso , ele não sabe o poder dessa palavra , o sentimento que ela trás , e na outra semana já esta com outra garota e diz a mesma coisa . 
Não só os jovens , mas como os adultos que se separam , se separam por que não sabia o significado do amor . Esse não foi um simples texto , pra falar que o amor não existe , por que sim ele existe , mas hoje quase ninguém sabe usar esse sentimento , então caros leitores pense , antes de falar e acabar iludindo , machucando , uma pessoa que realmente acredita no amor . 


Thalia Rodovanski .

sábado, 2 de junho de 2012

MASSA



A massa não tem forma,
Mas tem quem deseja moldar
A massa moldada
A ação planejada

A massa doutrinada avança
A massa ocupa
A massa sonha
Depois de ocupada

A massa já não é mais necessária
E os sonhos da massa?
Não importa a massa já não é mais necessária
A massa doutrinada, agora é descartada

A massa não sabe
Se soubesse, não seria massa
A massa se intimida
A massa volta pra casa

OTÁVIO SCHOEPS


Crônica Urbana - Professor Pedro vs Braço Armado do Estado

O Jovem Professor Pedro nunca teve problemas com a polícia, sempre andou na linha, sempre foi um "rapaz de bem".
Na faculdade começou a se engajar nos movimentos de luta de sua cidade, começou a participar de protestos, greves e todo tipo de movimentação. Pedro percebia que os governantes não queriam o bem comum, somente o deles.

Então em um dia de outono, Pedro e uma centena de jovens manifestavam contra o aumento da tarifa de ônibus. Várias viaturas chegaram ao local, as equipes de reportagem cobriam o evento. Gritos de ordem, mesa de som, barulho e muita revolta.
Até que em determinado momento um Policial abordou o jovem Pedro. Pediu seu nome e documento, o rapaz se recusou a entregar, a "autoridade" insistiu, Pedro deu as costas, então o Sargento segurou seu braço com força.
Pedro naquele instante, pela primeira vez, sentiu o braço armado do estado agir diretamente sobre ele, o policial segurava seu braço com força e ele nada podia fazer para se desvencilhar daquela agressão, afinal o homem da lei tinha uma arma na cintura.
Pedro sentiu medo, sentiu pânico, sentiu tristeza por perceber, pela primeira vez, as amarras que o prendiam. O jovem professor só era livre enquanto andasse na linha e trabalhasse como o Estado manda. A partir do momento em que transgredisse essa condição seria vorazmente repreendido. Naquela tarde ficou por isso mesmo, foi apenas um aviso, somente seguraram-lhe pelo braço, mas ele sabia que dali por diante a violência só iria aumentar, e seu coração tinha que estar preparado para isto.



"Quem não se movimenta não sente as amarras que o prendem". - Rosa Luxemburgo.


Texto de: Marco Aurélio

Foto de: Giovanna Garcia Cruz