quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Utilidade Pública?


O vereador Hélio Godoy (PTB) apresentou em junho passado o projeto de lei 269/2011 que declara o IACB (Instituto Ação da Cidadania Brasil) de utilidade pública – o que credencia a instituição a captar recursos públicos – e no dia 2 de agosto os vereadores aprovaram o projeto.
O BOM DIA apurou que a ONG não passa de uma associação privada inativa, que tem no cargo de secretária administrativa a arquiteta Simone Machado da Silveira Fróes Fialho, mulher do lobista Júlio Fróes, morador de Sorocaba que foi o pivô da queda do ministro da Agricultura, Wagner Rossi, conforme mostrou a reportagem publicada nesta terça-feira (23) pelo BOM DIA. Simone assinou o estatuto do IACB, junto com outras 11 pessoas, em 9 de maio. Simone teria as atribuições de “coordenar as atividades da sede social, do quadro de sócios e responderia pela gerência administrativa e financeira da sociedade, substituindo o secretário-executivo e o secretário institucional em qualquer impedimento”. Na prática, ela teria carta branca para controlar o dinheiro da entidade.
No estatuto e no cadastro nacional de pessoa jurídica, consta que o IACB funciona na avenida 9 de Julho, 1492. Nesta terça-feira (23) o BOM DIA foi ao local e constatou que não há instituto no endereço. Ninguém atendeu a porta de vidro, fechada – o que indica que o IACB não existe.
Depois de o BOM DIA apertar a campainha do imóvel, Tereza, senhora que aparenta mais de 60 anos, afirmou que é mãe do vereador Godoy e que ali, no segundo andar do prédio, funciona um comitê político do filho. Ela ainda confirma que o IACB nunca ocupou o local. “Moro aqui há 22 anos e nunca ouvi falar desse instituto”, diz Tereza. “Meu filho tem escritório aqui. Nunca funcionou nenhum instituto neste imóvel.”
Os comerciantes endossam a informação de Tereza. “Aí funciona o comitê do vereador”, diz o dono de uma loja de discos do número 1290. Na justificativa do projeto de lei, o IACB, supostamente fundado em 2002, teria atividades, também, na rua João dos Santos 684, Santa Rosália. Mas ali é a residência de Alessandro de Castro Peixoto, secretário-executivo do IACB. Os filhos do morador disseram que nunca ouviram falar de IACB.
Funcionário e vereador entram em contradição
Adilson José Ribeiro diz que IACB funciona, mas horas depois o vereador afirma que ONG não existe.
Antes de o BOM DIA ir ao IACB (Instituto Ação da Cidadania Brasil), na Vila Barão, o vereador Hélio Godoy falou, por telefone, que arquivou o projeto de lei 269/2011. “Logo que vi a Simone envolvida nas denúncias de corrupção, publicadas pela revista Veja, arquivei o projeto em 18 de agosto”, afirma. “Declarar uma organização de utilidade pública é comum aqui na Câmara. Os vereadores fazem isso todo dia.”
Duas horas depois, quando o BOM DIA já sabia que o IACB não funciona nas sedes declaradas, Godoy foi novamente contatado por telefone. Atendeu Adílson José Ribeiro, um dos assessores dele, que confirmou: “o IACB tem vínculo com o gabinete do vereador”. “Sou amigo do Hélio desde a época da faculdade. Tive a ideia de abrir o instituto”, diz Adilson, um dos diretores. “O vereador cedeu o galpão, mas agora está fechado. Estamos em outro lugar”, complementa.
O funcionário não quis dizer onde funciona o IACB. O vereador, uma hora depois, ligou e admitiu que foi um dos fundadores do IACB em 2002 e que a casa da família foi sede do instituto. “Um grupo decidiu reativar o IACB. O comitê gestor vai remover a Simone do instituto. Não sabíamos que o marido dela estava envolvido nesses escândalos”, afirma.
Ainda segundo o parlamentar, Simone teria se oferecido para executar projetos de urbanização de favelas. “Não conheço ela nem o marido. Um pessoa da prefeitura a indicou. Infelizmente, ela atrapalhou a reativação do instituto.”


Fonte: http://web-srv04.redebomdia.com.br/Noticias/Dia-a-dia/64997/De%20fachada,%20ONG%20ganhou%20titulo%20publico

ONGs, organizações não governamentais que usam o dinheiro público pra fazer parte do papel do Estado, anestesiam os problemas sociais porém nunca vão ao cerne da discussão, pior ainda é quando um vereador é um membro fundador de uma dessas ONGs. Declarar organizações como sendo de utilidade pública realmente é muito comum, como o fez o vereador Yabiku quando nomeou um time de futebol de fim de semana(www.amigosdesabado.zip.net/) como sendo de utilidade pública.
Se o governo se propõem ser porta voz da população porém a mesma não tem voz dentro das câmaras logo este governo é hipócrita. Se a democracia é o poder do povo e neste sistema representativo de democracia este povo não tem voz uma vez que esta corja oligárquica engravatada só existe em ano eleitoral, logo este governo é antidemocrático. Dito isso declaro esta “democracia” como sendo de INUTILIDADE PÚBLICA.



Renan Bonassa

domingo, 28 de agosto de 2011

Cidade Fantasma


Ao chegar á rodoviária dos perdidos
Caminhei pela calçada da fama
E dei de cara com o beco do fracasso
Atravessei a rua desesperança
Na avenida da vitória um exército de derrotados desfilava
Passando pela ponte da vingança
Lá embaixo um rio de sujeira e ira corria para o nada
Cães corriam livres pela praça dos frustrados
No centro tinha o coreto do desespero
Onde se ouvia choros e gritos o dia inteiro
E no fim da praça um busto com o rosto deformado
Uma igreja sem cruz e Cristo subindo a viela dos esquecidos
Vi o cemitério dos aflitos
E quando dei por mim
Não estava mais vivo

OTÁVIO SCHOEPS

sábado, 27 de agosto de 2011

Mac dia feliz / mais valia e maquiagem


Saudações saudações, meus colegas e leitores do Lâminas Verbais. Nesta maravilhosa tarde de sábado ocorre o famigerado Mac dia feliz. Dia em que todos os lucros - obtidos com a venda de Big Mac´s - da máquina capitalista chamada Mac Donald´s serão revertidos para a caridade.
Porém fico pensando, será que é válida essa iniciativa? Será mesmo que um dia de caridade apaga os outros trezentos e sessenta e quatro dias de exploração e maus tratos aos funcionários?
Sinceramente acredito que não. De que adianta esse "iniciativa nobre", se no restante do ano a empresa explora, suga, humilha, mal trata e retira tudo que pode de seus funcionários? É extremamente contraditório, hipócrita e mascaradora essa prática.
Afinal, o termo mais-valia - já bastante malhado pela esquerda - é válido até hoje. Se pararmos para analisar a questão do lucro, percebemos que este não vem de outro lugar se não do trabalho não pago. A empresa, pela lógica da mais-valia, precisa retirar o máximo da capacidade produtiva de seu funcionário, pagando-lhe o mínimo possível - para que este possa ser capaz de recriar suas forças produtivas e vendê-las novamente no outro dia.
É assim que funciona o Mac Donald´s, é assim que funcionam todas as empresas capitalistas do mundo, essa é a lógica do sistema. É cruel, é mesquinho, é tenebroso, sujo, e lastimável. Então, não venham dizer que trata-se de uma ação filantrópica, pois está na cara que é uma maquiagem, a fim de tornar mais popular  essa grande empresa de exploração.
Em nenhum momento nego que pessoas sejam beneficiadas com essa ação, sei muita gente está sendo ajudada neste momento. Porém, de que adianta uma empresa fazer milhares de pessoas sorrirem com uma ação filantrópica, se a condição material para que ela exista é explorar a necessidade e a pobreza de muito mais gente?

Obrigado pela atenção. Tenham todos um ótimo Mac Hipocrisia Feliz ;)


Marco Aurélio

Outra do Professor Pedro / 60 Km


Professor Pedro, cansado de suas idas e vindas nos coletivos da Urbes, resolve comprar um carro. Ele já estava a certo tempo trabalhando e tinha juntado um pouco de dinheiro. Não era muito. Para falar a verdade, não era praticamente nada - se levássemos em conta que ele já trabalhava há mais de cinco anos como professor efetivo.
O carro escolhido por ele era bem simples, tão simples como o próprio Professor Pedro. Não tinha vidros elétricos, nem trava automática, tampouco direção hidráulica; sequer um alarme. Com toda a simplicidade do mundo, o único luxo era o fato de funcionar tanto a álcool quanto a gasolina.
Mesmo com o dinheiro que havia juntado, ele não tinha o suficiente para pagar o carro a vista, e precisou parcelar o resto. Com as parcelas o carro ficou praticamente trinta porcento mais caro, mas fazer o que, era o único jeito. Ele precisava sair daquela vida de cão no transporte coletivo o mais rápido possível.
Já com o carro em mãos, o Professor Pedro se sentiu mais animado. Eram muitas as vantagens, ele chegaria mais rápido ao seu trabalho, e também voltaria mais rápido para casa. Teria muito mais tempo para preparar as suas aulas. Além, é claro, de que iria se cansar e se aborrecer menos.
Entretanto, nem tudo são flores. E logo - esperto que era o Professor Pedro - ele percebera que as vantagens eram infinitamente menores que as desvantagens. Em poucos dias a alegria do Professor Pedro deu lugar a uma imensa desilusão. Afinal, ter um carro, nesta cidade escabrosa, era tão incômodo quanto ter que andar de ônibus.
Era preciso se aborrecer no trânsito, que mais fica parado do que fluindo. Também era preciso estacionar seu veículo, o que já caraterizava um outro sofrimento. Tudo isso graças as montadoras de carros, que,  para garantir seu lucro, precisam inundar nossas cidades com dezenas e dezenas de milhares de automóveis, sendo que não há a menor preocupação com o fato de que a cidade pode, ou não, comportar todos eles.
Enfim, a grande aquisição do Professor Pedro havia se transformado em um elefante branco. Era uma coisa que não tinha a menor utilidade, mais atrapalhava do que ajudava. A todo lugar que ia era preciso manobrar, pagar o flanelinha e ainda correr o risco de ser multado por um dos amarelinhos - como se sabe, muitas vezes eles multam a toa.

Era uma sexta-feira, o incansável Professor Pedro voltava de mais um dia de trabalho, olhou a sua frente e avistou a cidade cheia de luzes, as ruas até que tranquilas, e o ponteiro do velocímetro - que sinalizava 60Km/h. Então ele pensou no quanto fora ingênuo por acreditar que suas frustrações acabariam quando adquirisse aquele carro. E concluiu que não é essa a solução. A solução ele desconhecia, mas sabia o que não deveria fazer. Não deveria consumir para se sentir melhor, pois desse jeito sua vida continuaria vazia, tão vazia quanto o tanque de combustível de seu carro. [ continua ]


Marco Aurélio



segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Retorno Triunfal e Zeitgeist...

E ai galerinha do meu coração, estou de volta, após 2 longos meses sem postar. Admito que estava meio cansado e sem assunto, mas posso garantir que voltei com muitas questões legais para serem vistas e debatidas.

E para meu retorno triunfal, vou fazer um post inteiro sobre meu documentario favorito: "Zeitgeist"



O Zeitgeist é uma serie de documentarios, tendo seu primeiro filme produzido em 2007, por um cara que prefere ser chamado simplesmente de "Peter Joseph". O documentario fala basicamente sobre as questões que envolvem nossa sociedade, como religião, o sistema econômico, e muita outras. O diferencial deste documentario é a dinamica, que ao invéz de somente apontar os problemas, ele dá uma solução real. Foram produzidos até agora 3 documentario da série, o primeiro é simplesmente "Zeitgeist" (2007), o segundo "Zeitgeist: Addendum" (2008), e o terceiro chamado "Zeitgeist: Moving Forward" (2011), todos foram lançados gratuitamente na internet, pelo proprio Peter Joseph.
As questões abordadas são de profunda importancia para nossas vidas e sociedade...importancia quase que emergencial eu diria.

Importante ressaltar, que o primeiro filme é visto por alguns como "conspiracionista", e os outros dois são tidos como "realidades utopicas". Eu sinceramente não os vejo dessa maneira, mas interpretações à parte, espero que desfrutem, pois os filmes são no minimo enriquecedores e dignos de muita reflexão e filosofia.

Zeitgeist (2007):


Zeitgeist: Addendum (2008):


Zeitgeist: Moving Forward (2011):


Entrevistas com Peter Joseph:
http://www.youtube.com/results?search_query=peter+joseph+entrevista&aq=f

The Zeitgeist Movement:
http://www.thezeitgeistmovement.com/
http://thezeitgeistmovementbrasil.blogspot.com/



Assistam e comentem!
Abraços...
Thales B Souzedo.

domingo, 21 de agosto de 2011

Contando nos dedos



Conto nos dedos acaba o dia
Conto nos dedos acaba a vida

 Tanto a causa como o efeito
É o reflexo de um mal feito
Mas o que está feito
Está feito
Da loucura á indiferença
Entra sem pedir licença
Na cabeça uma sentença
Sai da boca uma ofensa

Conto nos dedos o canto dos cômodos
Conto nos dedos o canto de um incômodo

Posso agir como um neurótico
Reagir como um perverso
Fugir como um psicótico
E me iludir com um verso
Compreendo a pinga
Através de sua busca
Entendo sua vinda
Até a luz que me ofusca

Conto nos dedos logo bem cedo
Conto nos dedos logo sem medo

Eu sou um adjetivo
Do meu jeito subjetivo
Procurando um motivo
Para me dizer vivo

Conto nos dedos, mas que dedos?
O dedo que aponta o erro

OTÁVIO SCHOEPS

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Ao pessoal da Equipe

Galera, só para avisar, acrescentei uma nova ferramenta. Estava lendo nossas estatísticas e percebi que uma boa parte de nossos acessos provém de links que estão em outros blogs, de companheiros nossos que divulgam o Lâminas em seus Blogs.
Então, acho que nada mais justo do que a gente fazer isso também. Ai, caso tenham gostado da idéia é só clicar lá na ferramenta e adicionar os Blogs que vocês acham bacanas divulgar aqui. Eu coloquei uns lá que gosto bastante. Enfim, vamos que vamos.


Marco Aurélio

Turbilhão de Idéias


O Grito - Edvard Munch
Uma série de coisas passa e perpassa pela cabeça. Uma verdadeira marcha de idéias e pensamentos, desfoques, desconexos e desvirtuados.
Não sei nem donde vim, tampouco para onde irei. O que sei é que no exato agora, estou fudido. A vida me fodeu, as circunstâncias me foderam, e não chego nem ao ponto de lamentar por isso. As coisas vão tão de mal a pior, que não há por que se queixar.
O problema não é pontual, nunca foi. O caso é o seguinte: - Surgimos em um mundo insano e insensato, onde as coisas já estavam todas de pernas para o ar. É praticamente impossível conservar a sanidade, a sobriedade, a coerência e a vontade de se manter nos eixos, em um mundo como este.
Os nossos saqueadores, bandidos, pilantras, safados e filhos da puta, estão no poder. Estão no poder, e no controle de um estado que, em tese, existe para nos proteger e bem servir. Conversa. Todos nós sabemos que este estado existe para nos reprimir, repreender, punir, manter calados, amordaçados, inertes, anestesiados e sem a menor vontade de se levantar.
É para isso que existe o estado, é para isso que existe a mídia burguesa, e sobretudo, e meio a toda essa sujeira e podridão é que nós existimos. Na realidade subsistimos. Não produzimos nada que seja nosso, tudo que produzimos é para outrem, que sequer sabe de nossa existência.
É nesse mundo de alienação, subserviência, solidão e cheio de maracutaias que me localizo. E sinto nojo, ódio, repulsa, angústia, inquietação, e por fim...Desespero.
Mas ainda há algo de bom na caixa da Pandora. Esperança. É isso que mantém  a mente no lugar. A esperança de que se pode mudar a situação. Ou ao menos dignificar-se, lutando contra a opressão e a sujeirada do mundo. Esperança é nossa cura. Mais verdadeira e benéfica que qualquer placebo.
Porém, é preciso alertar. Esperança sem luta é como um martelo sem cabo, ou seja, de nada nos serve.



Pensem nisso, foi apenas um desabafo, mas quem sabe não sirva para algo além de me aliviar.



Marco Aurélio

domingo, 14 de agosto de 2011

Andar, pensar e ditar




Andar pelas ruas e sonhar como poderia tudo ser melhor
Dentro da minha cabeça posso pensar como tudo poderia ser melhor, será que há um ditador dentro de mim?
Mesmo que se pense no bem da maioria como seria?

Andar pelas ruas e sonhar com o fim da miséria e a exploração
Essa miséria que gera lucros e felicidades de consumo
Essa exploração que gera revolta
Essa violência que nos é cultural

Andar pelas ruas e sonhar com que tem jeito melhor de viver
O que é fútil?
O que é útil?
Apenas ando a sonhar
Apenas ando a pensar
E quem sou eu para ditar

OTÁVIO SCHOEPS

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Memórias da mesquinharia / Urbes Caça Níquel




Que a Urbes era uma verdadeira máquina caça níquel, o professor Pedro já estava cansado de saber. Porém,  não imaginava que o covil de víboras seria capaz de tramar tantas mesquinharias em um mesmo ano.
Não contentes em subir o valor da passagem - jogando a culpa nos motoristas -, a empresa ataca no trânsito,  aumentando o nº de multadores amarelinhos. Por fim, para a surpresa de todos, faz a espetacular troca dos bilhetes convencionais pelo Cartão Cidadão.
Sim, o Cartão - ironicamente batizado de Cidadão. Agora, com este maravilhoso instrumento, a empresa lucrará ainda mais. É incrível, mataram vários coelhos numa cajadada só. Livraram-se da incomoda concorrência das pessoas que vendiam passes fora dos postos da empresa - pela cidade - e de quebra ainda fizeram uma média perante a população, alegando que o Cartão é ecologicamente correto. Que beleza ein.
O professor Pedro estava embasbacado com tanta criatividade. Dava até a impressão que nosso nobres e filhos da puta honrados administradores passavam o dia pensando em maracutaias que ajudassem a encher ainda mais seus bolsos.
O bom e velho professor Pedro conhecia muito bem aquela laia. A Urbes - uma empresa pública - que existe para foder bem servir a população, na realidade tem somente gerado exploração, sofrimento e aborrecimentos entre o povão.
O dinheiro, o jogo de influências e a ladroeira desavergonhada corre solta pelos terminais da cidade. Pobre do professor Pedro, que chega a se contorcer e sentir náuseas a cada vez que precisa passar alguns malditos minutos na fila do guichê. Local onde é praticamente assaltado. Aliás, o assalto é dos mais modernos, ganha-se até mesmo nota fiscal.
Essa do Cartão Cidadão é o mais novo absurdo. Filas intermináveis formam-se nos guichês, pelo simples motivo de se poder comprar apenas dois desses benditos cartões. É incrível como o que é ruim consegue ficar pior, também pudera, com a bem treinada gestão da Urbes, não poderia ser diferente.
Enfim, já era noite, os ossos do Professor Pedro estavam cansados. Ele apenas comprou seu Cartão Cidadão e foi para casa, onde poderia descansar por algumas horas, até chegar o momento de se levantar de novo, para mais um dia, da mais pura e consciente servidão.



Marco Aurélio




quarta-feira, 10 de agosto de 2011

VENTILADOR

Uma poesia visual gentilmente cedida pela amiga Marcela, do blog: http://memoriaspsicodelicas.blogspot.com/2011_02_01_archive.html





Ao ver essa poesia penso: - Nessa nossa vida precisamos de algo que ventile nossa dor, aquela dor que todos já sentiram em certos momentos.
Talvez essa dor se de por conta do vazio que - com maior ou menor frequência - sentimos em nosso ser. E nessa nossa sociedade de consumo, o vazio torna-se cada vez maior e mais frequente.
Então, ainda na lógica da sociedade de consumo, o vazio - na maioria das vezes - acaba sendo preenchido com futilidades, num frenesi absolutamente consumista.
Esse, muitas vezes é nosso ventilador - o consumo. E até mesmo o amor, que nossa querida poetisa cita em sua obra, acada sendo utilizado, pela publicidade, da maneira mais piegas possível, a fim de fomentar o consumo ( como diz Eduardo Marinho neste vídeo aqui: http://www.youtube.com/watch?v=NMn_1rQ3sms ).
Enfim, de qualquer modo, seria necessária uma reflexão muito maior do que esta. Mesmo assim, não seriamos capazes de esgotar esse tema - a dor - tão rico e tão complexo, que envolve muitas outras coisas,   como, por exemplo, a questão da existência.


Por essas e outras vou ficando por aqui. Abraço a todos os amigos leitores, tenham uma ótima noite e uma excelente semana.



Só lembrando:

Estou imensamente agradecido pela gentileza de ceder sua poesia para essa publicação. Abraço Marcela =D





Marco Aurélio

domingo, 7 de agosto de 2011

A morte de Zé Camarão

Em um terreno baldio esquecido pela especulação imobiliária, jovens se reunião para cantar e fazer a cabeça “como eles mesmos diziam ao se drogar”. E um desses jovens era Zé Camarão, que uns diziam que o apelido era por ele ficar vermelho por causa do sol e outros pela merda que ele tinha na cabeça.
Ao som de Raul Seixas cantavam a liberdade, a liberdade de fazer sua própria lei. Vinhos, promessas de amor e de amizade, ódio ao estado e a corrupção e também toda a hipocrisia que lhes empurravam e não aceitavam.
Era noite de céu estrelado, um convite á confraternização, convite feito, convite aceito e lá foi Zé Camarão se encontrar com seus amigos e quem sabe conseguir ficar com alguma mina. Entre risos ao som do violão e de um bongô o baseado era cuidadosamente embolado e de todos compartilhavam e quando chegou a vez de Zé Camarão. Escutam passos e galhos de árvore quebrando, eram homens de cinza camuflados pela escuridão e quando isso acontece todos sabem o que se deve fazer quem está com o baseado deve engolir para não dar flagrante e justamente nesse trágico dia o baseado estava nas mãos de Zé Camarão que apagou a ponta com o próprio cuspe e enfiou na boca, porém ao engolir se engasgou, seus amigos tentaram o acudir, mas de nada adiantou Zé Camarão morreu engasgado com o baseado.
Foi o primeiro caso que alguém morreu com o uso de maconha e até hoje seus amigos oferecem o primeiro trago para o Zé Camarão, que no imaginário se tornou o protetor dos maconheiros.

OTÁVIO SCHOEPS

sábado, 6 de agosto de 2011

FUNCIONÁRIO DO MÊS - Pedra Leticia.

Uma boa paródia com o Mac Donald´s




Agradecimentos ao amigo Alex, pela indicação.




Abraço a todos, bom final de semana.



Marco Aurélio

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Os miseráveis / Furto








Furto
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

João vasculha a biblioteca, procura algo interessante para ler. A bibliotecária – que na verdade é uma professora afastada – o fita por cima de seus óculos de grau.
Parece não haver nada de muito atraente, tanto nas estantes quanto por trás dos óculos da bibliotecária. Ele passa a vista pelos volumes, ainda outra vez, e já desanimado se prepara para voltar para a sala - de mãos vazias.
Então, percebe um livro de capa simples, toda preta, com o seguinte escrito em dourado: Os Miseráveis. Este parece ser um livro de bom tamanho para João, ele retira o volume da estante, passa pela burocracia costumeira e volta para a sala de aula. Com o livro em mãos mal consegue ver as duas ultimas aulas de matemática.
Folhando as primeiras páginas percebe tratar-se de um romance, com histórias bastante tristes. Acompanhando a dura vida das personagens, começa a refletir. O título, Os Miseráveis, parece bem ambíguo para João.
Afinal de contas, a cada avanço da narração o garoto se convencia mais e mais de que Miseráveis não eram as personagens que viviam em condições paupérrimas, mas sim os “nobres” e burgueses que massacravam o populacho baseando-se nas razões mais mesquinhas, demonstrando com clareza toda a sua fraqueza moral e o esvaziamento de suas almas humanas.
João sensibiliza-se com o drama das personagens e devora o livro no mesmo dia. Ao final da leitura, estava diferente. Percebera que o mundo narrado por Victor Hugo não é lá muito diferente do nosso.
A diferença é que no momento Histórico que o autor retrata – brilhantemente – a exploração era descarada, e no presente instante é maquiada, está na penumbra.
Muitas dúvidas passavam pela cabeça de João naquela noite, mal conseguira jantar. Será mesmo que roubo é crime? Então por que nem todos que roubam são presos? Por que uns tem tão pouco e outros tem tanto? Será que deus fez isso de propósito para que as pessoas precisassem roubar dos que tem muito? E será mesmo que roubar para comer é crime, quando furtaram de ti todas as condições necessárias para se prover o próprio sustento?
João já não sabia mais se todas essas coisas eram verdades. Desde pequeno aprendera que é errado furtar. E agora, nada mais faz sentido. A impressão que João tinha é de que todas essas leis sobre roubo foram inventadas por aqueles que têm muito, a fim de evitar que as pessoas que não tinham nada pegassem de volta umas migalhas do que lhe foi saqueado.
Aquele livro realmente agitou a mente de João, fazendo-o perceber que a miséria pode significar riqueza, e que a riqueza pode significar miséria.



Somente lembrando ao amigo leitor, que em nenhum momento almejo - com essa crônica - incentivar roubos ou furtos. Apenas quero fomentar uma reflexão. Afinal, neste país o rigor da lei somente se aplica ao povão. Os Donos do Poder, e verdadeiros criminosos jamais são presos. Sendo capazes de conseguir dois Habeas Corpus no mesmo dia. É isso, espero que tenham gostado. Abraço a todos e até a próxima postagem.




Marco Aurélio