É dia dos namorados, 12 de junho, dia feliz, dia de trocar presentes; data comercial. O jovem Pedro está em sua casa, em breve terá que sair para trabalhar. Ele se serve de uma boa dose de café e fica sentado em sua poltrona - pensativo.
É uma bonita manhã de inverno, o sol ainda tímido começa a espantar a neblina que se formara durante a madrugada. Pedro olha para a TV desligada, e decide que prefere deixá-la assim, caso contrário terá que assistir as propagandas piegas que falam sobre o 12 de junho.
O jovem docente se lembra de Debord, e de como ele descreve nossa sociedade como um grande espetáculo.
É, quem iria imaginar que além de ficarem com o lucro de nossa força de trabalho, ficariam com o lucro de nossos sentimentos. Todas as nossas necessidades são exploradas. O capitalismo definitivamente é eficiente em explorar as pessoas. Pedro reconhecia isso.
Todo ano era a mesma coisa, o comércio faturava em cima da fragilidade das pessoas, que buscam encontrar em relacionamentos amorosos algo que preencha o grande vazio de suas vidas. Porém, segundo Camus, não há preenchimento para este vazio, a vida é um absurdo e somente se manter em estado de revolução permanente pode ajudar. Ou isso, ou o suicídio - que o próprio pensador desaconselha.
Claro, amar é importante, mas com consciência. Pedro também tinha alguém, ele não seria hipócrita de negar isso. O que ocorre é que a grande maioria das pessoas, se deixa levar pela onda midiática que diz que parar agradar é preciso consumir exacerbadamente.
O consumo é inevitável, sem o consumo não somos cidadãos nessa sociedade maluco. Ao menos o dinheiro para uma coxinha o indivíduo precisa ter, caso contrário será marginalizado. Porém, os tubarões do comércio abocanham a maior parte de nossa renda, com coisas que muitas vezes nem precisamos. Enfim, Pedro estava apenas pensando...e pensando.
Já era hora de descansar o pensamento, afinal em breve teria que trabalhar. Certamente no final de semana irá sair com Lindsay, e então lhe entregará o presente dela...
Marco Aurélio
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