sábado, 17 de setembro de 2011

Fazenda São Judas



Na fazenda São Judas, algo de interessante ocorreu. Tudo caminhava na mais perfeita ordem, a exploração vinda da escravidão e o lucro vindo da exportação.
O café sendo colhido e transportado por escravos. Enchiam os olhos do Senhor Fernando Henriques da Silva de orgulho e satisfação, mas onde tem exploração há também resistência e perto dali, havia um quilombo que preocupava todos os latifundiários e eis que um dia os fazendeiros organizaram um ataque a esse quilombo para que se mantivesse a paz. O líder desse quilombo se chamava Luís e trazia no corpo cicatrizes de açoites e até um dedo decepado por um acidente numa carroça.
Fazendeiros, seus capatazes e um grupo de capangas contratados invadiram o quilombo, que tentou resistir, mas não conseguiu; os brancos tinham superioridade em armas.
E o que de trágico aconteceu foi que o capataz da fazenda São Judas foi morto pelos quilombolas. Que além de capataz da fazenda de Fernando Henriques era considerado pelo mesmo um irmão senão de sangue, um irmão de cor, pois os brancos apesar de dominarem, era minoria.
O quilombola Luís contrariando a regra conseguiu se safar vivo do ataque, graças a sua astúcia negociou sua vida com aqueles que o capturaram. E levado para a fazenda São Judas.
O Senhor Fernando Henriques estava muito triste com a perda de seu fiel capataz; porém Luís chamou sua atenção pela sua liderança e o modo como falava com os outros escravos e mesmo Luís ter sido um quilombola, decidiu arriscar e o chamou para ser seu novo capataz. Luís aceitou e como prêmio recebeu sua carta de alforria.
Os escravos viram com estranheza o ocorrido. Mas Luiz tratou de lhes dizer de como seria bom para eles ter um capataz preto como eles  e que conhecia seus sofrimentos do que um capataz branco que nada sabia de suas vidas; a maioria concordou.
O escravo Marco foi pego dormindo no meio do cafezal pelo próprio Senhor Fernando Henriques e esse foi o momento de Luís fazer o que tinha que ser feito;
Marco estava amarrado no tronco e o chicote o marcava. E todos perceberam a que Luís viera.

OTÁVIO SCHOEPS

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