Foto de: Marco Aurélio ( com ajuda de Raul Schiezaro )
Passamos muito tempo de nossas vidas na escola. Mesmo sucateada, a escola pública ainda representa o grande espaço de socialização de nossa juventude.
É neste espaço que se formam as primeiras amizades, os primeiros contatos interpessoais fora do nicho familiar. Normalmente é neste espaço que acontecem os primeiros beijos e abraços, os primeiros relacionamentos amorosos.
Como já disse passamos boa parte de nossas vidas na escola, pelo menos doze anos. Quando isso acaba, não podemos conter uma sensação estranha que surge em nosso ser, algo do tipo:
- E agora?
Pensar nessa pergunta é inevitável, afinal, por qual motivo passamos tanto tempo neste espaço? O que iremos fazer agora que tudo acabou?
Os que ingressam na Universidade, sentem um "gostinho" de que podem estender aqueles tempos por mais um pouco, mas logo percebem que não será a mesma coisa, nunca. Já os que entram de uma vez no mercado de trabalho, sentem ainda mais cedo o baque, as coisas mudam, e muitas vezes o horizonte revela uma realidade ingrata.
Isso é o que aconteceu comigo, e é o que percebo em muitos dos meus amigos e alunos. Quando a escola termina, muitos, senão todos, ficam perdidos, meio que a deriva.
O que causa todo este estranhamento, em minha opinião, é o fato de que a realidade em que os jovens são atirados ao final da escola é cruel. Querendo ou não, a Escola permite relações humanas mais próximas, espaços de convívio e um ambiente mais humanizado. É totalmente diferente do mesquinho cenário neoliberal, individualista e massificador, que configura o mercado de trabalho.
Quanto mais velho se fica mais vamos percebendo a impessoalidade e a mesquinharia que ronda nossa vida adulta.
Quando a escola acaba, só nos resta lutar contra essa ofensiva, criar espaços de convívio, de desenvolvimento pessoal e coletivo. Ou então, aceitar passivamente todo este processo, trabalhar, trabalhar e comprar o pacote completo da TV a Cabo.
Marco Aurélio
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