Almeida sai de seu trabalho, mas antes de seguir seu rumo resolve parar no banco . Logo que avista uma vaga, lá estava um maluco se enfiando no meio da rua e desviando os carros para que Almeida pudesse estacionar. Ele estava com pressa, então nem pestaneja para encostar o carro ali mesmo.
- Boa tarde Patrãozinho, pode ficar tranquilo que aqui está seguro.
Almeida se incomoda um pouco, como o bom comunista que procurava ser, não gostava de ser chamado de Patrão. Afinal, embora estivesse engravatado e muito bem vestido em um terno marrom, era também empregado - em um escritório de Advocacia.
Mas ele procura não se aborrecer com isso, vai até o banco e na volta deixa o dinheiro prometido. O rapaz agradece, e diz que este ano iria visitar sua filha no natal. Almeida não tem muita certeza se essa história procede, mas prefere não ponderar muito, toca a mão do jovem e segue seu rumo.
...
Mais tarde se encontra com uma garota, era bela e jovem, apesar de Almeida ser apenas cinco anos mais velho, a jovialidade da rapariga o impressiona. Sempre que sai com ela procura se barbear muito bem, para que a diferença de idades não seja tão gritante. Mas afinal que importava, estavam ambos na casa dos 20 e poucos anos, mas ela brincava, dizendo que ele estava na casa dos vinte e todos.
A conversa flui muito bem, enquanto fumam alguns cigarros e observam o movimento nas ruas. O paletó é deixado no banco de trás, assim como a gravata, o botão da camisa é afrouxado e as mangas arregaçadas. O clima estava agradável, era uma bonita noite de verão. Resolvem tomar algumas cervejas, e conversar em outro lugar.
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De repente as bocas se calam, os corpos se aproximam e o sangue ferve nas veias, as faces ficam rosadas e algumas gotas de suor vicejam na pele. As roupas se amassam, e se perdem pelo chão, os lençóis já nem parecem mais terem sido tão cuidadosamente passados pela camareira.
- Estou em você - diz Almeida.
- E eu em você - diz a guria.
...
Depois disso mais alguns cigarros são fumados. Na hora do banho o chuveiro teve de ser regulado pela jovem, por que Almeida nunca foi bom em equilibrar água quente com água fria, sempre acabava ficando ou quente de mais ou muito gelado. Eles riem e fazem troça disso.
Na concepção de Almeida isso era o amor. Pena que fosse efêmero. Pena que para não ser efêmero tenha de ser inconstante...
Charles Semem
Cada dia melhor :}
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