domingo, 25 de setembro de 2011

HUMOR

   Dentro de uma sociedade que se diz  séria onde quem está no poder justifica todas as suas medidas através da mídia e não é difícil perceber a relação entre elas, seja de apoio ou crítica, não sejamos ingênuos nesse meio não tem imparcialidade; o mundo gira em torno de interesses e o interesse trás aliados e inimigos.
   O humor vem na contra mão da luz daqueles que se mostram, revelando assim o lado escuro; é tirar a mascara da hipocrisia que sustenta sorrisos e virtudes.
   O humor pode encontrar espaço dentro da própria mídia vendida, pois nem todas as pessoas são vendidas ou criar um meio alternativo para expor suas idéias.
   Na minha opinião, o humor sério não se posiciona de lado algum, pois se posicionar prende o rabo.
   O papel do humor nessa sociedade não é apenas de fazer rir e sim de contestar o que há de oficial e “sério” com isso buscando uma crítica profunda do mundo que nos cerca e nos fazendo pensar o que realmente é sério nessa sociedade.

OTÁVIO SCHOEPS

Só a fé salva: pastor João e a igreja invisível

sábado, 24 de setembro de 2011

Solidão / Schopenhauer / e nós


Schopenhauer
Danzig, 22 de Fevereiro 1788 — Frankfurt, 21 de Setembro 1860

Estava eu fuçando na internet, quando me ocorreu a ideia de ver algumas coisas sobre Schopenhauer. Nunca li uma linha sequer de sua extensa obra, mas sua fama como pensador me aguçou a curiosidade e fui pesquisar.
De começo li um pouco sobre sua vida, e sua linha de pensamento. Então, fui ver umas frases e achei uma, em particular, extremamente interessante.

‎"Uma vida feliz é impossível. O máximo que se pode ter é uma vida heróica."

Schopenhauer


Eu sei, eu sei, muitas pessoas podem achar essa uma frase muito agressiva e de um pessimismo extremado. Porém, achei nela um grande incentivo a vida.
Sabem amigos, nós temos consciência de que as coisas não vão nada bem. Nossa vida, na maioria das vezes é miserável, e não são raros os momentos em que nos vemos tristes. Entretanto, estamos vivos. Estamos nós vivos e com plenas condições de enfrentar as coisas ruins que se abatem sobre nosso presente.
Essa visão estoica de Schopenhauer me coube muito bem. Não vejo na tristeza e na solidão um problema, mas sim uma grande oficina para o pensamento. É quando se está sozinho consigo mesmo, em repouso e no mais absoluto silêncio que entramos em contato com a essência humana.
O mais incrível é que isso não custa nada, pode ser feito em qualquer lugar e a qualquer momento. A necessidade de ser feliz é tipicamente humana. A impressão que tive é que Schopenhauer não crê que possamos alcançá-la plenamente em vida. Porém, ainda que isso seja verdade podemos ter uma vida heroica, ou seja, canalizar nossa frustração e tristeza para dar um concerto ao mundo.



Amigos, nesta noite de sábado, foi o pessimismo que me animou. Vejam que grande ironia. Agora estou na instiga para ler Schopenhauer. Espero encontrar um bom livro dele, e encontrar também tempo para lê-lo ( afinal comprar o livro não compra o conhecimento ). Abraço a todos os amigos e leitores do lâminas, a gente se vê na próxima postagem.




Marco Aurélio

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O Último Honesto

O Último Honesto

Breve história de NINGUÉM


Era uma vez, as vésperas de ano eleitoral, um vereador muito idealista que buscava melhorias para o povo, melhoras no transporte público, e sempre ouvia as reivindicações da população. Seu nome era NINGUÉM, e disPUTARIA as eleições por um partido radical de centro, pois NINGUÉM confiava nos ideais de seu partido.O então vereador tinha planos de se candidatar a prefeito, porém seu partido que tinha uma grande representatividade se envolveu em uma série de escândalos, NINGUÉM estava de fora das acusações de corrupção, já que NINGUÉM é Ficha Limpa, logo nosso herói tomou a difícil decisão de abandonar o seu partido visto que NINGUÉM queria deixar o poder. Após o ocorrido NINGUÉM se lembrava dos fatos passados e decidiu seguir seu sonho de candidatar-se a prefeitura da cidade, entrou num outro partido e foi à luta. NINGUÉM queria melhorar as condições do povo, objetivo trabalhoso, tinha propostas ousadas como investimento comprometido na educação, fazia discursos calorosos sobre a saúde pública e barateamento do transporte coletivo, enfim, NINGUÉM se importava com os rumos da sociedade em que vivia e sobretudo NINGUÉM se importava com o direcionamento do dinheiro público. Após um intenso debate com outro candidato NINGUÉM mostrou seus ideais e conseguiu o apoio da população, fezendo-os ver que NINGUÉM é necessário para o povo governar. Foi eleito prefeito por seu partido cuja legenda era 00. Tomou posse graças as suas promessas que agradaram os eleitores e os fez acreditar que seriam representados, pois NINGUÉM confiava fielmente na democracia representativa e em suas práticas honestas, bem como no sufrágio universal. Quando ganhou as eleições para prefeito concluiu seu discurso defendendo seu partido e suas lutas sociais, lutas estas que NINGUÉM se dedicou, dizendo:

- Vote 00, pois NINGUÉM vai defender os seus direitos!



Renan Bonassa

sábado, 17 de setembro de 2011

Pais da alta classe econômica fazem terrorismo psicológico contra seus filhos!


Materiais e técnicas utilizadas:
Papel sulfite, lapiseira, lápis de cor
 e acabamento de elementos do
 segundo plano e dos personagens 
no Photoshop. 
chargista: Rodrigo Petit


Sugestão de documentários sobre educação:


Teorias de educação na perspectiva política


Aula baseada no importante pensador brasileiro: Demerval Saviani.

Fazenda São Judas



Na fazenda São Judas, algo de interessante ocorreu. Tudo caminhava na mais perfeita ordem, a exploração vinda da escravidão e o lucro vindo da exportação.
O café sendo colhido e transportado por escravos. Enchiam os olhos do Senhor Fernando Henriques da Silva de orgulho e satisfação, mas onde tem exploração há também resistência e perto dali, havia um quilombo que preocupava todos os latifundiários e eis que um dia os fazendeiros organizaram um ataque a esse quilombo para que se mantivesse a paz. O líder desse quilombo se chamava Luís e trazia no corpo cicatrizes de açoites e até um dedo decepado por um acidente numa carroça.
Fazendeiros, seus capatazes e um grupo de capangas contratados invadiram o quilombo, que tentou resistir, mas não conseguiu; os brancos tinham superioridade em armas.
E o que de trágico aconteceu foi que o capataz da fazenda São Judas foi morto pelos quilombolas. Que além de capataz da fazenda de Fernando Henriques era considerado pelo mesmo um irmão senão de sangue, um irmão de cor, pois os brancos apesar de dominarem, era minoria.
O quilombola Luís contrariando a regra conseguiu se safar vivo do ataque, graças a sua astúcia negociou sua vida com aqueles que o capturaram. E levado para a fazenda São Judas.
O Senhor Fernando Henriques estava muito triste com a perda de seu fiel capataz; porém Luís chamou sua atenção pela sua liderança e o modo como falava com os outros escravos e mesmo Luís ter sido um quilombola, decidiu arriscar e o chamou para ser seu novo capataz. Luís aceitou e como prêmio recebeu sua carta de alforria.
Os escravos viram com estranheza o ocorrido. Mas Luiz tratou de lhes dizer de como seria bom para eles ter um capataz preto como eles  e que conhecia seus sofrimentos do que um capataz branco que nada sabia de suas vidas; a maioria concordou.
O escravo Marco foi pego dormindo no meio do cafezal pelo próprio Senhor Fernando Henriques e esse foi o momento de Luís fazer o que tinha que ser feito;
Marco estava amarrado no tronco e o chicote o marcava. E todos perceberam a que Luís viera.

OTÁVIO SCHOEPS

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Ironia?

O ex-coordenador da Lei Seca e subsecretário de governo da Região Metropolitana do Rio, Alexandre Felipe, vai responder por homicídio depois que uma das vítimas de um atropelamento em Niterói morreu no fim de semana. A informação é do delegado Alexandre Leite, da 81ª DP (Itaipu), que está à frente do caso. Segundo o delegado, Alexandre Felipe teria atropelado também uma mulher e os dois filhos dela.


"Ele vai responder por homicídio. Isso é certo. Mas vou aguardar o depoimento das testemunhas e o laudo da perícia para decidir se ele vai responder por homicídio doloso ou culposo. Tenho que analisar todos os fatos", explicou Leite, que vai ouvir outras vítimas ainda nesta segunda.

Exame de alcoolemia

Na sexta (26/08), Alexandre Felipe fez um exame de alcoolemia. O resultado preliminar, segundo o delegado, deu negativo.

À rádio CBN, o subsecretário contou que voltava de uma festa e admitiu ter bebido meia taça de vinho. Alexandre Felipe reconheceu que foi um erro, mas argumentou que a bebida não comprometeu seus sentidos, e que a quantidade de álcool ingerida está dentro do limite permitido por lei.

Fonte: PortalG1

P.s.: Após o ocorrido o subsecretário foi exonerado do cargo.

Alegar que a bebida não comprometeu seus sentidos não é uma justificativa válida para essa lei da qual Alexandre fora coordenador. O feitiço virou contra o feiticeiro.

Renan Bonassa

domingo, 11 de setembro de 2011

Nos confins


Onde não tem câmera
Onde a voz não ecoa

Também acontecem coisas
A ofensa guardada no peito
O xingamento rasgado
O insulto bem argumentado

Se não justifica
Ao menos explica

Se todos vêem
O senso comum vem
A sociedade se mostra
Falsa e chocada
Pasma e ingênua

O que querem mesmo é bom tom
Querem as flores e não os espinhos

E aqui é o que é

O prato vazio é
Um prato cheio para quem quiser
Ser Santo
O descamisado é
O tecido para seu manto

OTÁVIO SCHOEPS

sábado, 10 de setembro de 2011

A idiotização em massa / Sociedade do Espetáculo

"Olá galera, nesta linda manhã de sábado irei postar um manifesto que escrevi quando estava puto da vida com as coisas. O texto tem bastante energia, vinda da mais profunda raiva e angústia de um ser, e chega até a ser depressivo em certas partes. Enfim, embora esse meu momento já tenha passado, o texto ficou, e quero compartilhar ele com vocês, amigos e leitores do Lâminas Verbais."

Capa do Livro A Sociedade do Espetáculo - Guy Debord


No atual momento, neste exato agora, reina a idiotização coletiva. A TV só nos mostra coisas imbecis, coisas sem lógica, e sobretudo, que não nos oferecem o menor acréscimo intelectual.
Vivemos a beira da completa imbecilização social. Não estamos muito longe do apocalíptico mundo de George Romero, ou então das Distopias de Orwel e Bradbury.
A calamidade toma conta, e invade nossas casas todos os dias, todas as noites. Acordamos com um cínico Bom dia Brasil, e adormecemos com o perverso "Boa Noite" do casal de narcisistas.
Caminhamos pelas ruas com dispositivos nos bolsos, espécies de localizadores, e o pior, por livre e espontânea vontade. Não lemos nada e nem escrevemos nada. Pagamos para ser dopados, e somos dopados para suportar trabalhar e ganhar o suficiente para pagar pelo doping.
Me sinto meio-morto, meio-vivo, me sinto morto-vivo. Nunca pensei que as coisas seriam assim. E o pior de tudo é que acabo me tornando um chato, pelo simples fato de que e meio toda esta tragédia, sou um dos poucos que não está contente.
É a Sociedade do Espetáculo  de Debord, onde todos telespectamos, vegetamos, e contemplamos o, absolutamente, nada.
Juventude revolucionária usada para por em desuso o que foi produzido e tem de ser substituído. Tudo o que é feito é desfeito e tudo que se tem não basta. Compre um objeto e mova o país, compre mais outro e seja feliz ( por um tempo ).
Não me encaixo neste mundo, não compreendo por que permitiu-se que as coisas ficassem assim. Me jogaram de calças-curtas no gelo, me mandaram conter um incêndio com saliva e boa vontade. Mas aqui estou eu, vinte e um anos e vivo. Mais vivo que morto, espero eu, nesta cratera de sonambulismo e pesadelos.


Marco Aurélio






sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Será que a mídia influencia a opinião das pessoas???


Materiais e técnicas utilizadas:
Papel sulfite, lapiseira, lápis de cor
 e acabamento de elementos do
 segundo plano e dos personagens 
no Photoshop. 
chargista: Rodrigo Petit


Sugestão de Leituras

Indústria Cultural: revisando Adorno e Horkheimerdisponível em: <http://www.nead.unama.br/site/bibdigital/pdf/artigos_revistas/211.pdf> último acesso em 17/09/11.
Este é um artigo produzido por uma equipe interdisciplinar de pesquisadores ligados às ciências humanas que faz uma explanação dos principais conceitos desenvolvidos por Adorno e Horkheimer ligados à temática da indústria cultural. Estes filósofos ( pesquisadores de uma corrente de pensamento filosófico intitulada Escola de Frankfurt) são referências bibliográficas para qualquer pesquisa que envolva estudos sobre a indústria cultural, cultura de massa, mídia e ideologia, etc. 



Dalética do Esclarecimento disponível para download em:
Este livro foi escrito por Adorno e Horkheimer e nele se encontra o capítulo intitulado (A Indústria Cultural: O Esclarecimento Como Mistificação das Massas) no qual eles discorrem sobre a indústria cultural. Este livro pode ser baixado na íntegra através do link acima. 

Sugestão de Documentários

The History Channel: O Controle da Mente - disponível para exibição em:
Um excelente documentário produzido pelo The History Channel que, em sua primeira parte, mostra tecnologias de ponta que estão sendo desenvolvidas por órgãos públicos e privados para ter acesso e, consequentemente, controle sobre a mente humana. 
Na segunda parte do documentário é demonstrado como a prática da fascinação e do controle da mente sempre foram utilizadas por políticos e líderes religiosos no decorrer da história humana para controlar o comportamento, as ideias e os desejos das pessoas.
Documentário fantástico e informativo: vale a pena assisti-lo! ;-)

Ass-Rodrigo Petit

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Mais uma do Professor Pedro


O Professor Pedro voltava para casa. Havia sido um longo dia de atividade, porém tão agradável que ele não apresentava o menor sinal de cansaço.
Era uma bela noite de setembro, e nosso já conhecido docente caminhava, despreocupadamente, pelas ruas da cidade - sim ele havia deixado na garagem o carro que tanto o aborrecia. Então, decidiu tomar um café antes de apanhar o ônibus, e como estava próximo ao Méquidonaldis, foi lá mesmo que foi buscá-lo.
Já no balcão, o Professor Pedro pediu um copo de café e um lanche - um daqueles da promoção - e aguardou. Durante a espera trocou umas palavras com a balconista, que era bastante simpática, para distrair-se um pouco, enquanto seu pedido não vinha. Não tardou muito e lhe entregaram uma bandeja com o que pedira. Então ele se sentou e apreciou sua refeição noturna.
Depois de comer seu lanche - que acabou rapidinho - ele decidiu acabar seu café do lado de fora, onde poderia terminar um cigarro de palha que havia deixado pela metade. Foi então que ele se levantou e caminhou calmamente para fora do estabelecimento. Já ao ar livre tateou seus bolsos até encontrar o "palheiro", mas não encontrou os fósforos. Estava sem fogo. Neste momento procurou por alguém que lhe pudesse ceder uma "brasa", e rapidamente avistou um grupo de estudantes sentados no estacionamento. Percebeu que alguns deles estavam fumando, e dirigiu-se até eles.
- Olá, desculpem-me por incomodá-los, mas será que um de vocês poderia me emprestar um isqueiro? - disse o professo Pedro com toda educação possível.
Seu pedido é prontamente atendido. Ele coloca seu copo de café no chão e calmamente acende seu cigarro. É nesse instante que ele percebe uma bonita garota - do grupo de estudantes - a lhe fitar. Os olhos dela eram castanhos, e brilhavam.
O Professor Pedro, embora bastante jovem, já vivera o suficiente para enrijecer-se contra esses assuntos do coração, porém o intenso olhar daquela garota o deixou meio abalado, um tanto quanto sem jeito. Foram alguns segundos apenas, exatamente o tempo que ele levou para acender seu cigarro, porém na memória de Pedro parecia muito mais.
- Muito obrigado, tenham uma ótima noite - diz o nosso docente, ainda desconcertado.
- De nada, você também. - emenda a garota, com uma voz suave.
E lá se vai o Professor Pedro, caminhando pelas ruas, reflexivo, e com o bonito retrato daqueles olhos brilhantes a lhe fitar.
Deveras aquele foi um dia agradável, que terminava alegremente, como há muito tempo não acontecia. Foi esta a conclusão que ele teve durante a viagem de volta. Cheio de cafeína nas veias, e de pensamentos na cabeça, ele ponderava.
Era incrível como algumas coisas tão pequenas eram capazes de animar a vida, e devolver o otimismo que o presente sistema insistia em lhe furtar. Cada dia mais ele se convencia de que as maiores necessidades dos homens são abstratas. Como o que ele sentira ao perceber o sorriso e os olhos brilhantes daquela jovem. Nem o café, nem o lanche e nem o cigarro, o que Pedro mais necessitava naquele momento era a agradável e abstrata sensação que aquela garota lhe causou. Abstrata, pura e simplesmente, abstrata.



Marco Aurélio




segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Millôr...um gênio.

Pessoal, post bem rapido, quase voando...

Sempre fui fã de cartunistas/chargistas da geração 80, como o Angeli, Laerte e Glauco, mas agora devido as nossas aulas sobre humor politico com o Sr.Walter, tenho descoberto um pouco mais sobre os caras das antigas, gente que veio antes como o Henfil, Jaguar, mas principalmente o Millôr Fernandes...

Como tenho visto a obra do cara a pouco tempo, ainda não tive tempo de filtrar o melhor, mas até onde tenho visto, tenho gostado de tudo!

Vou deixa-los com uma charge bem bacana sobre a burocracia, mas deixo tambem o "saite" oficial do cara, que tem MUITA coisa foda!




Galera, não deixem de ver tudo do cara, que é muito bom!
http://www2.uol.com.br/millor/index.htm

Abraços!
Thales B. Souzedo

domingo, 4 de setembro de 2011

Terra atraente


Atraente é a Terra traiçoeira
Quando apenas se quer lembrar
Das boas lembranças
Vagar nessa continua mudança

Atraente é a mente humana
Que se deixa levar
Pelo novo segmento
E depois o arrependimento

Atraente é a segurança
Nessa estrada pavimentada
A casa murada
Pelo corrimão da escada

A Terra atrai com seu magnetismo
A gente se trai para atrair
Atraído pela Terra traiçoeira
Fiquei pra trás e engoli poeira

OTÁVIO SCHOEPS 

sábado, 3 de setembro de 2011

Tererê


O Tererê, ou Tereré - dependendo da região -, é nada mais nada menos que Erva Mate ( Ilex Paraguariensis ) triturada, tomada com água gelada.
O recipiente pode ser tanto um copo comum, quanto a tradicional Guampa - chifre de boi cortado e vedado no fundo com uma tira de couro. Porém, é fundamental que se tenha uma bomba, instrumento que serve para filtrar a água evitando que a erva suba pelo bocal.
É uma bebida tradicional em vários países sul-americanos, como Paraguai, Argentina, Brasil e etc. Em nosso país - Brasil - é tomado tradicionalmente na região Centro-Sul.
O ato de se tomar um mate gelado é quase sempre envolto por um certo ritual. Normalmente consumido no final da tarde, com um grupo de amigos, o Tererê é passado de mão em mão, sendo que o líquido deve ser tomado até o final, então enche-se novamente o recipiente e passa-se ao próximo.
Bebida saudável, e de baixo custo, é ideal para confraternizações de amigos, refrescando nos dias de calor e animando os finais de tarde. Uma boa mateada é relaxante, serve para unir e aproximar as pessoas.

Segue abaixo o modo de preparo:

- Coloca-se o mate no recipiente - até pouco acima da metade. Então tapa-se o bocal com a mão e bate-se a erva, de modo que o pó grude na mão.
- Após isso inclina-se o recipiente até a posição horizontal, a fim de amontoar a erva próximo ao bocal - livrando o fundo e uma das laterais ( onde será introduzida a bomba ).
- Em seguida, preenche-se o recipiente ( ainda na posição horizontal ) com água gelada, e aos poucos coloca-se o mesmo na posição vertical.
- Está pronto seu Tererê, certifique-se de que a bomba está bem presa, e aguarde uns instantes até que a erva esteja completamente embebida em água. Ai é só saborear.


Boa tarde a todos vocês. E boa mateada, aos que, assim como este paulista aqui, resolveram experimentar essa bebida típica do pantanal.


Marco Aurélio.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Velocímetro

O velocímetro do automóvel aponta 60 km/h. São dez horas da noite, e ele dirige não se sabe para onde.
Há qualquer direção que vá, parece não haver rumo, parada e tampouco um lar. É como se o mundo não comportasse o ser que havia por trás do volante.
Já desaminara das coisas, e isso era nítido em suas faces. Sua barba, espessa, começava a apontar pelos poros de seu rosto, era evidente que não se barbeava há dias. O cabelo era crespo e estava embaraçado, também havia crescido além da conta, mais ou menos a altura dos olhos.
O homem, que era jovem, desgastado pelo pouco tempo que vivera, pelas muitas frustrações, e sobretudo pelo pesado fardo que carregava - a consciência das coisas - seguia pelas ruas.
A noite estava bonita, a lua podia ser mirada no horizonte, não havia muitos carros nas ruas. Era a perfeita ocasião para pensar, sobre a vida e sobre qualquer outra coisa.
Sua vida havia tomado um rumo que ele jamais imaginara, o sujeito estava realmente desacorçoado. Não, não! Não pensem que tratava-se de um suicida, não, isso jamais lhe ocorrera. O caso é que indignava-se, porém, sem acovardar-se. Sabia que era preciso continuar vivendo, continuar lutando.
Eram já quase onze horas e ele ainda viajava, seu carro rasgava o silêncio e a escuridão da noite com os faróis e o ronco seco do motor.
Tudo que o homem queria naquele instante era um trago de conhaque, uma garota com quem conversar e talvez umas baforadas de um bom tabaco. Essas necessidades eram fáceis de suprir, eram imediatas, e podiam ser imediatamente remediadas em um boteco qualquer.
E foi exatamente o que ele fez, parou no primeiro bar que encontrou, onde teve todas as suas imediatices atendidas. Porém, o vazio de sua alma não poderia ser preenchido, somente disfarçado.

Marco Aurélio