terça-feira, 4 de novembro de 2014

A SAGA ÉPICA DE MINHA ESPÉCIE: Anthropos


Homem! Criatura errante que tem rastejado
improficuamente pelos séculos em fúria.
Primata descarado que vive acorrentado
à fria ampulheta de luzes e trevas da História.

Macaco matreiro que caiu da árvore,
seu bipedismo conferiu-lhe evolucionária vantagem
para percorrer a geografia de todo o orbe terrestre.

Sobreviveu estoicamente à glaciação das eras
deixando pintada nas paredes das cavernas
a imagem ocre de suas mais vãs crenças e ilusões.

Lascou sorrateiramente a obsidiana e domesticou o fogo,
as constelações, os cereais, o falcão e o lobo...
Tendo vertigens, interrogo-me: quem te domesticará, ó Homem?

Ah Homem! Olhando fixamente para o espelho 
reconheço-me sinistramente em sua figura,
pois quantas vezes largados feridos e desolados
uivamos incompreensivelmente, juntos, a noite, à luz da lua
 as mais nuas e profundas angústias existenciais de nossa espécie?

Homem! No torpor de nossa raça, no turbilhão das gerações
o fruto amargo de seus genes condena-me, ó ser mundano...
Pois já fui habilis, já fui erectus, sou sapiens
e agora só me resta: SER HUMANO...


RODRIGO PETIT- 29|10|14
Poeta das Causas Perdidas





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