sábado, 27 de abril de 2013



QUEM SOU EU?

Eu sou brasileiro, 
Sou indígena! 
A mata e as florestas:
Oxóssi e o deus Tupã!

Sou africano, 
O sol e a selva!
Sou guerreiro:
Xangô, Ogum e Iansã!

Sou europeu, 
O inverno e a ganância! 
Ciência, tecnologia e fé cristã!

Sou um pouco de tudo, 
E um muito do nada...
Produto da história:
Misturado a retóricas vãs...

Rodrigo Petit 24/04/13

Este poema é uma homenagem minha a  Darcy Ribeiro, Milton Santos, Eduardo Galeano e a todos os teóricos que fizerem nós brasileiros termos uma visão mais crítica e menos eurocêntrica de nossa história e de nossa identidade cultural. Ass-Petit

A ventania


Os olhos vêem o que tem que ser visto
Nem tudo agrada, nem tudo é belo
Mas mesmo assim os olhos vêem
Venha a paz e o aprendizado
Não estamos alheios, não sabemos os pensamentos alheios
 Árduo aprendizado e continua no seu ritmo
Já ouvi dizer, que a vida é bela
Belo é continuar, a caminhada, o vento na cara
A esperança renovada
O adeus
As boas vindas
Se nem sempre é um bom dia
O que temos, senão um grande caminho a percorrer, e mesmo assim agradecer
As coisas acontecem, os delírios, os sonhos construídos e destruídos num segundo

OTÁVIO SCHOEPS

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Rafael Castro - Você Sabe Como é

Divulgando um trabalho independente:

Bem cotidiano esse som e dura realidade:


Marco Aurélio

Loca Adora!

"Bom é saber
que toda loca adora
toda loca adora
locadora, discoteca
barba por fazer
vitrola e poesia.
Isso, toda loca adora
Se não fosse assim
Como seria?"

Marco Aurélio

terça-feira, 16 de abril de 2013

Ressaca


O que sobra depois da ressaca?
Somos o que pensamos,
Saímos um pouco de si pra se ver melhor,
Nessa vida abstrata
Pra não esquecer o que somos ou o que sobramos do que éramos
de todas as perdas e desenganos, mais uma ressaca
Ressaca brava,
Refeito da ressaca, a cabeça já não gira e nem nos engana
Eis que temos novos enganos pela frente, algo do passado no presente
Meu presente é uma ressaca no pretérito,
gira a terra, gira a vida e gira sobre tudo a minha cabeça


OTÁVIO SCHOEPS

sábado, 13 de abril de 2013

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Trancafiados



Nos amaldiçoaram pelo tempo, lado a lado da angustia, buscando dominar o síncrono, as mentes fracas em ruínas não encontram a fuga, nem sempre o relato dito é a exatidão vista, já que destas mentes podemos facilmente influenciar. Mas não há nada que possamos esperar quando comparamos o que fora vivido há tantos anos, não há espanto algum na degradação que nos deparamos nos dias atuais. Não há quem se assuste ao ver pessoas dependentes trancadas dentro da própria casa. Não há mais sentido em cuspir palavras pensadas no público que o sustenta. E não há mais esperança de pessoas ao menos tentando ir à direção contrária.

Isabella Gomes e Juan Assaf


SOL


O Sol derreteu em minhas mãos e nossos dias foram contados.
Noite passada eu não dormi. Não sei se deveria lhe dizer, mas a sua falta me consumiu a noite toda. Me mantive na esperança de que viesse e você não apareceu. Perdoe-me por cobrar ou querer demais, mas eu precisava da sua leveza invadindo o meu interior. Eu juro que preciso acompanhar as sombras que o encaixe dos nossos corpos projeta no céu. Mas nesta noite só me restou afundar nos diversos codinomes que crio para você. Me restou afogar em lembranças, no sarro dos dentes, no calor da pele e no cheiro de mar que envolvia as manhãs. A maior dor foi a da tua partida. Meu bem, eu tropeço nos próprios pés e piso em cacos o tempo todo. Eu estou caindo em abismos o tempo todo também. O Sol que parecia nascer do lado contrário simplesmente derreteu. O inverno que se faz infinito tomou conta dos meus duros olhos e fruto disso é a aceitação da solitária morte que me custa a carne. Eu não tenho tanto tempo e poderia pular de um edifício, deitar em trilhos ou me envenenar. Mas poeta, se parar para vir me ler, voe para casa. Nossas malas já estão prontas e nosso enterro já está para chegar. Nós podemos mergulhar um no outro e então partir.
Amor,
de sua "sereníssima" e eterna amante.

Isabella Gomes

domingo, 7 de abril de 2013

A menina das flores.



















Eram meados do mês de abril, o jovem rapaz passava tranquilo pelo passeio, quando, no relance do olhar, avista uma moça no balcão da floricultura.
Ele, então, caminha mais uns metros e pára, penteia sua espessa barba negra - com as mãos mesmo - e decide voltar.
Ao entrar na loja ele ainda não sabia bem o que iria dizer. Odiava o jeito vulgar como a grande maioria dos homens tratava as mulheres.  De maneira nenhuma ele poderia entrar lá e passar uma cantada na moça. Não , de jeito nenhum.
A jovem o recebe com um belíssimo sorriso. Isso desarmou todas as suas defesas, o coração batia mais forte e a respiração ficou mais rápida. Era o velho clichê que rasgava-lhe o peito.
Mas que linda pequena, seus cabelos era pretos e longos, não eram totalmente lisos mas sim de um ondulado muito bonito. Sua pele era de um tom claro, algo bem próximo de um pingado com pouco café e muito leite.
O rapaz se aproximava do balcão, as feições delicadas da guria agora ficavam mais nítidas. Os longos cabelos negros eram uma bela moldura para aquelas formas. A essa altura os olhos levemente esverdeados dela o atingiam em cheio.
Donde estava não havia mais como recuar, mais duas passadas e estaria encostado no balcão, bem de frente a ela. O único jeito era avançar, e é isso que ele faz.
- Bom dia, em que posso ajudá-lo?
E agora? O que ele poderia dizer? Mas que voz suave, e que entonação alegre. Era uma garota incrível.
- Moço, o senhor está bem? 
- Sim, estou.
Pronto, agora ela o achava um idiota.
- Só estava tentando recordar de que flores minha mãe gosta.
- E já se lembrou?
- Lírios. Ela gosta de Lírios.
Então a moça sorri e se vira para a prateleira onde estão diversos vasos com flores. O vestido ocre de alças tem a exata medida de discrição e sensualidade. O avental branco e as sandálias de tiras de couro dão a moça um ar bucólico, exatamente como os arcadistas costumavam narrar.
Frente a frente novamente, ela deposita, calmamente, sobre o balcão os vasos de lírio que estavam nas prateleiras.
- Acho que sua mãe irá gostar. 
Enquanto ela mexe nos vasos, ele procura em suas mãos um anel de compromisso, mas não o encontra. Certamente se ele o avistasse, compraria as flores e sairia dali envergonhado. Mas não era esse o caso.
- Vai levar moço?
- Sim vou levar. Quanto é?
São doze reais, mas como são para sua mãe eu faço por dez. Hoje em dia é raro filho que leva presente para a mãe.
Ele fica envergonhado, afinal era mentira. As flores não eram para a mãe dele, mas sim uma desculpa para poder ficar perto da guria.
- Aqui está o dinheiro.
Ele pega os lírios e se vira para a porta.  Porém, antes de sair totalmente ele pára um instante. Fecha os olhos, cerra a mão esquerda e pensa em voltar. Ele chegaria até o balcão, diria a guria que os lírios eram para ela e a convidaria para almoçar com ele. Mas como fazer isso sem parecer um maluco? Como dizer que quer conhecê-la sem parecer vulgar, inconveniente ou tarado? Ele não sabia como fazer isso.
O rapaz passa pela porta e ganha a rua. No balcão a moça fita a entrada da loja.
- Que moço gentil. Flores para a mãe. Deve morar sozinho com ela, não tinha aliança de compromisso. Será que ele volta?


Marco Aurélio



sexta-feira, 5 de abril de 2013

Bancos de praça



Os bancos de praça não falam e nem ouvem
mas testemunham fatos dos mais incríveis.
É nos bancos de praça que correm os risos
correm as mãos quase invisíveis. 
É lá que curam-se as dores e consolam-se os prantos.

Pelos bancos das praças passaram românticos
Passaram Hippies, Punks, Junkheads e Beatniks.
Neles se sentaram belas garotas, homens robustos,
trabalhadores exaustos, mendigos, viajantes.
Se sentaram até mesmo canalhas, políticos sujos, bandeirantes.

É na praça que estamos conectados de verdade
ao ar livre, no espaço público.
Na praça não há luxo, o espaço é de todos
Não existe privilégio, nem vaidade.

Se os bancos da praça falassem contariam histórias
E no chão sentaríamos para ouvi-las...


Marco Aurélio