Por décadas as mesmas perguntas se repetem.
- Onde você nasceu?
- Sou natural da vila Santa Catarina, depois elevada a município com o nome de Tapiraí.
- Neste lugar jamais existiu um indígena sequer!
Um dia tive que ouvir a brochante desinformação.
"Mamãe eu não quero provar nada" - um dia falou Raulzito, mas não deu -, perdão Dona Ninha, História neles!!
Eles estiveram lá, segundo dados do Historiador e ex-prefeito Chiquinho Ise Filho. Não se adaptaram com o clima e desceram a Serra rumo ao litoral. - Índio não sente frio - engana-se quem assim pensa.
A partir do ano mil e novecentos, migraram para as terras - ou mata gelada - os nordestinos e descendentes de índios, Dona Ninha estava entre eles. Casada com seu Quinho cavaram o chão, fincaram os paus, e construíram sua moradia. Caçaram, pescaram, extraíram madeiras, orquídeas e fizeram artesanatos.
A população do vilarejo do brechó, aumentou rapidamente. Seu Quinho e a esposa, contribuíram com catorze filhos.
Desde a chegada dos migrantes, já se passou quase um século, quando então gritei:
- Aleluia! Maravilha! Eles estão retornando!
Foi a minha expressão ao receber a notícia da transferência de mil e quinhentos nativos para a região.
Jéssicas, Gabis, Docentes Schoeps, Lukinhão, Marco Pedro e demais amigos do Lâminas, o texto acima estava concluído, quando o Professor Caju entregou-me duas páginas do Jornal Cruzeiro do Sul.
Li, reli, pensei, e tenho que mudar alguns conceitos...
Transferência de Índios...
Na excelente reportagem de José Antonio Rosa, constata-se que é compreensível a apreensão do amigo Marteuski - o prefeito - e demais autoridades municipais...
Segue o noticiário com oportuno esclarecimento do Professor John Lennon, Paulo Celso, onde aborda as possíveis consequências da pura e simples transferência dos Tupis - sem qualquer infra-estrutura...
Sempre defendi que os indígenas deveriam ter o direito de ir e vir, ou ficar onde melhor lhes conviesse, pois supostamente seriam os verdadeiros donos da terra, mas...
Tapiraí
O Município localiza-se no contraforte do Paranapiacaba, a novecentos metros acima do nível do mar. Faz divisa com Ibiúna, Piedade, Pilar do Sul, São Miguel Arcanjo e Juquiá.
O lugar de extrema pobreza e sempre esquecido pelas autoridades politicas estaduais e federais, já teve perto de doze mil habitantes, mas a população diminui a cada ano; é rico ainda no aspecto da vegetação nativa da mata atlântica no entanto a fauna com espécies em extinção já não é a mesma dos folhetos de incentivo ao turismo local.
A Região muito fria com garoa ou neblina praticamente o ano todo, torna-se imprópria para a pesca em larga escala.
A ex-terra das antas já foi a maior exportadora de chá preto da América Latina para a Europa. Porém perdeu o mercado para certo país vizinho, e a vaca foi para o brejo...
Os vídeos propagados na internet são lindos e verdadeiros, todavia não dão a noção exata do clima, que nesta época do ano a temperatura chega abaixo de zero em determinadas noites. Os tupis sabem disso?
Perdemos tantos entes devido as epidemias de meningite, entre outros. É tão triste a história que não quero ver novamente.
Nossos antepassados não resistiram. Parte dos sete mil habitantes do município já sofre com a falta de estrutura.
Sem lavoura, caça ou pesca, velhos, jovens e crianças viverão de que?
Raízes?
Remédio caseiro?
Cesta básica?
Bolsa família?
Criação de gado? Ou a carne já virá pronta para o consumo em caminhões frigoríficos?
Não invente histórias para crianças, elas vão crescer.
Tapiraí, veja o tamanho do abacaxi!
Alvino, descasque o pepino.
Autor: Neusir - Índio
Para conferir a matéria do Jornal Cruzeiro do Sul acesse:
o Pagé alvino marzeuski ja nem sabe o que faser....
ResponderExcluirD e S
ResponderExcluirlinda imagem, passa uma paz interior enorme... Imagino que belas maravilhas haverá ao redor. :)
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