sábado, 17 de março de 2012

Apenas os mendigos são felizes


O relógio não o incomoda
O chefe não te enche
O imposto não te cobra
O dinheiro é efêmero

As pessoas não o entendem, talvez invejem sua liberdade, seu desleixo é um tapa na cara, daqueles que buscam a beleza artificial da sociedade do consumo, sociedade essa que produz e reproduz jovens monstros condicionados a repetição de falácias de um orgulho tolo de um status social duvidoso, de um sorrir maléfico.

O rio poluído, a calçada e a casa abandonada
A rua esburacada, o carro fechado em si
A propaganda que polui a paisagem
A paisagem reflete e dita nossos sonhos

            Ao ver um mendigo na calçada, não pare na frente dele, pois você pode estar tampando o sol que o aquece.

A cachaça numa mão
O cigarro na outra
Os olhos vermelhos
As mãos calejadas
Os pés endurecidos

            A moça é bonita na propaganda da cerveja, o cigarro é mal visto, mas pessoas bonitas ainda fumam, os olhos vermelhos de ira, pessoas calejadas andam correndo para o lar, durante o dia obedeceram e foram obedecidas, no fim do dia a alma já está endurecida.

OTÁVIO SCHOEPS

2 comentários:

  1. Tão feliz que bebe que nem um doido para se anestesiar da maravilha que ele vive.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Talvez você goste dessa:

      Verão

      O suor aumenta com o calor, os ventos são bem vindos, mas parecem fazer graça e demoram a aparecer. Enquanto isso o calor nos consome e consumismos pensamentos que nos dão mais calor um calor bom, aconchegante e afável. O verão chega sem pedir licença se acomoda e muitos se incomodam, mas eu não, eu gosto, me sinto bem. O sol parece que chega mais perto, nos encontramos, e assim como as chamas que tudo purificam, que o sol também purifique essa terra.
      O verão vem, mas parece nunca ter ido embora, gruda no tempo assim como nossos corpos deitados, largados em algum lugar, o verão é a ardência do sol vindo da janela logo cedo, quando apenas os ônibus de viagem cruzam a avenida e nem os pássaros ainda acordaram. Eu o vejo atrás de nuvens arroxeadas, mesmo com os olhos embaçados, escondido por prédios e mais prédios em seu caminho. É o sol de verão que me aparece, eu até sinto que ele canta em meus ouvidos, para que eu acorde, abra as cortinas, sinta a brisa da madrugada que se esvai lentamente e o encare mais uma vez.


      Otávio Schoeps e Gabriela Godinho

      Excluir