segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Professor Pedro / Duas Rodas / Suor

 O Professor Pedro enjoara da vida de busão, e não se adaptara a vida de motorista. Também pudera o caos infernal que é o transito nas grandes cidades só poderia mesmo aborrecer o pobre rapaz.
Então, ele optara por comprar uma bicicleta. Foi ai, caros amigos, que ele encontrou a verdadeira diversão. No começo foi complicado, suas pernas estavam duras por conta do ócio em que se enfiou nos ultimos anos, porém, logo suas pernas pegaram o jeito e Professor Pedro passou a rasgar as avenidas dessa cidade, podar os carros no congestionamento quilométrico dos finais de tarde e engolir o suor de suas faces "adrenalizadas".
O jovem docente se sentia renovado, era como se estivesse e meio a adolescência novamente. Ele realmente tinha se esquecido como era depender apenas do movimento de suas pernas e de uma máquina simples para se mover pela cidade. Sem documentos, sem burocracia, sem radar, semáforo, ou qualquer coisa que lhe impusesse limites, a unica coisa de que dependia era de suas máquinas, uma que nascera com ele - suas pernas - e outra que ele adquiriu por meio da compra do trabalho alheio, mas isso não importava para ele, claro que ele reconhecia o trabalho de outrem, mas essa dupla não tinha limites a não ser seu próprio folego.
Então, e meio a uma descida fantástica, daquelas de tirar o folego ele se lembrou que não precisava de mais nada, somente do sopro de vida que lhe era dado todas as manhas e das relações humanas não ilusórias, mas sinceras. Sem amor, sem compromisso, sem culpa, sem dor, sem sofrimento, sem arrependimento, o lance era ele o suor de sua testa e quem mais quisesse segui-lo nessa jornada.
A espontaneidade das pedaladas e o vento fresco batendo em seu rosto o mostravam que estava vivo, seu coração batia firme, e o sangue aquecia-se em suas veias. O Jovem Professor Pedro encontrou seu transporte.
Bem no momento em que perdera todas as ilusões, em que perdera suas aulas, em que perdera todas as condições materiais e abstratas que fazem a vida das pessoas que não pensam felizes. Mas ele, e mais um pequeno apanhado de pessoas no mundo ,era diferente, ele sabia que o buraco era mais embaixo, e que a coisa era muito mais profunda que isso.
Sem pecado, sem certezas, sem acordos, sem limites, sem moderação. O negócio era pura e secamente viver, como as gotas de suor que pingavam de sua face e evaporavam no instante seguinte. Não há barreiras para os homens de sensibilidade, não há limites para mente nua que explora o mundo a sua volta norteada pela consciência insana de quem não se conforma com as coisas como elas são!!!!


Marco Aurélio

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