O passado, meu atraso
O sono, minha sujeira
O presente, de mim ausente
Ouço os risos
Escuto os passos
Vejo o esforço
E nada
Sinto o ódio já enraizado
Suas flores e seus frutos
Azedo e amargo
Um aconchego no escuro
Num impulso desmedido
Um assunto proibido
Uma cabeça em tormenta
Alastra-se na seca
Esse sol que queima derradeiro
Derrame luz, um pouco nesse canteiro
Os absurdos noturnos
A contradição que é vã
A interpretação sem razão
Sobre os presságios e o medo do por vir
A colheita que é perfeita
Essa sujeira que é poeira
E hoje, nem é segunda-feira
OTÁVIO SCHOEPS
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