domingo, 20 de novembro de 2011

Impressão


O mofo, minha poeira
O passado, meu atraso
O sono, minha sujeira
O presente, de mim ausente

Ouço os risos
Escuto os passos
Vejo o esforço
E nada

Sinto o ódio já enraizado
Suas flores e seus frutos
Azedo e amargo
Um aconchego no escuro
Num impulso desmedido
Um assunto proibido
Uma cabeça em tormenta
Alastra-se na seca
Esse sol que queima derradeiro
Derrame luz, um pouco nesse canteiro

Os absurdos noturnos
A contradição que é vã
A interpretação sem razão
Sobre os presságios e o medo do por vir
A colheita que é perfeita
Essa sujeira que é poeira
E hoje, nem é segunda-feira

OTÁVIO SCHOEPS

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