Estrangeirismo e a Sociedade Ideal
Não é novidade que seguimos um modelo de vida ideal, buscamos sonhos que não são nossos e que a maior parte do povo não tem acesso a esses sonhos estrangeiros que fogem da nossa realidade. Esse estrangeirismo nos impõe o seu padrão e nos diz o que deve ser vestido, o que comer, como se comportar, o que e onde comprar, etc. Como podemos viver um American Way of Life (lembrando que essa felicidade consumista acabou drasticamente em 1929) sendo que ainda temos, somente no Brasil, 50 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza? Esses moldes estrangeiros não se limitam a ala da direita, por muito tempo a esquerda brasileira importou moldes de revolução( pratica essa discutida por Caio Prado Jr. Em Revolução Brasileira). Esse domínio cultural, que tal como um controle remoto, controlando o que a massa uniforme vê, não é uma prática atual, o mundo já vivenciara algo parecido: O eurocentrismo. Motivados por um senso xenofóbico, e com uma crença que a europa é o molde de civilidade a ser seguido, os europeus (no século XV) partiram para a era dos descobrimentos com seus espíritos aventureiros (ou de porcos) e em busca do tão sonhado ouro e foram “gentilmente” distribuindo sua cultura exemplar, sua religião, e exerceram seu direito de civilizar e doutrinar o outro antagônico (e destruir os que resistiam).“Poder é toda chance, seja ela qual for, de impor a própria vontade numa relação social, mesmo contra a relutância dos outros”. Max Weber
Essa lógica abstrata de seguir os economicamente bem-sucedidos é um crime contra as culturas de “menor importância”, isso se reflete na arte, na música, na visão de mundo,que por vezes deixam de lado suas especificidades, abandonam seu conexto, sua identidade cultural para seguir o mestre do capital. Um exemplo disso é usar terno e gravata num pais tropical, ou admirar a pirâmide de Gizé e desconhecer chichen itzá. Este estrangeirismo discriminatório, alienador, seguimentador se reflete até no nosso modo de vermos o mundo(literalmente), onde a europa é o centro.
Dito isso gostaria de lembrar que o que (ou quem) sustenta essse mundo “desenvolvido” são os países por ele explorados, a europa no século XIV era miserável, estava em meio a uma crise de doenças, séculos depois através de guerras sangrentas e colonizações a europa torna-se um exemplo de civilidade a ser seguido? Vivemos num contexto único e devemos ao menos conhece-lo antes de tomar outros como moldes pre-concebidos.
Renan Bonassa
Estava mesmo esperando você falar da Revolução Brasileira. Foi uma das citações mais legais que ouvi você falar em nossas prosas de bar do primeiro semestre.
ResponderExcluirE cara, realmente engraçado, o pessoal tanto fala das pirâmides e tals mas uma boa parte não para para pensar que o Egito fica na África, um dos continentes mais miseráveis do mundo - fruto da exploração neocolonialista.