sábado, 15 de novembro de 2014

Testamento


Na lavoura a praga é combatida
Na luz a escuridão é negada
Na bíblia o pecado é combatido
Na vida a morte é negada

Na sociedade contraditória
A competição é alimentada
Na sociedade contraditória
A usura é premiada

A lavoura não alimenta, esfomeia
A luz escurece
A bíblia não redime, condena
A vida morre

Na sociedade estamentada
A competição é entre os iguais
Na sociedade estamentada
A usura é o mais e mais


OTÁVIO SCHOEPS

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Sombra e Água


A sombra e a água fresca
Do comum ao improvável
A canseira e a esteira
Da necessidade ao condenável
                               
Ô laia, da mata abundante à monocultura
Da necessidade ao mercado
Ô laia, da cana-de-açúcar à cachaça
Do natural ao transgênico

A sombra das árvores e a nascente límpida
Do natural à natureza vendável
A hora do Sol e a hora do relógio
Do tempo desfrutável

Ô laia, da boiada ao trem de carga
Do caminho empoeirado à estrada enfumaçada
Ô laia, esse mundo velho sem porteira
Das terras cercadas à posse ameaçada


OTÁVIO SCHOEPS 

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Simples fato


Simples sem ser simplista
Análogo sem ser anacrônico
Vivo o passado
Sem que os mortos revivam
                                    
Uma piada dita
O escárnio sentenciado
Um fato recriado
O julgo manipulado

Simples é o curso
As pedras no percurso
Vivo a vida
Sem que as atitudes me ditem

Uma brasa acessa
A água ilesa
Um fato consumado
O regresso malfadado


OTÁVIO SCHOEPS

sábado, 8 de novembro de 2014

Labuta

Oh! Labuta bendita Que surra dia a dia
Que tira vida dia por dia
Oh! Labuta bendita
Que aliena a alma
E explora a carne
Exploração, insurreição Negros, brancos, índios e pobres... Na mesma miséria vendida da mesa, da escola, da saúde, Da vida do trabalhador!
Estoura a corrente, No grito da alforria Alforria disfarçada e reforçada pela minoria Que mata na exaustão da combustão Sufoca o grito um pouco por dia na obrigação
Oh! Labuta bendita Oh! Alienação besta! mantém o sistema No disfarce de cada dia Reforçada pela minoria.
O grito ecoa, no grito da historia Na luta de Zumbi, que ainda se faz presente! Liberta o grito da maioria! Na insurreição 
Fernanda Garcia

Belo Monte/Canudos


O clima árido do nordeste brasileiro à Palestina
A luta se trava e o sangue ainda jorra
A pouca seca do sudeste brasileiro à Palestina
A luta se trava e o sangue ainda jorra

A aridez, a pele queimada e a caatinga
Os conselhos seguidos
Antônio Conselheiro Bendito
A aridez, a pele queimada e a mata atlântica
As ordens cumpridas
Coronéis malditos

O clima árido e a palavra que encanta
A luta alimentada
O santo, o mito, o messias
A luta cantada

O santo sepulcro e o sepulcro de tantos
A marcha para o Belo Monte
O campo santo e o campo de tantos
A marcha para Canudos
Os conselhos seguidos
As ordens cumpridas


OTÁVIO SCHOEPS

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Reza e Praga


Entre a pressa e a promessa
O dia escurece
Entre a pressão e a tensão
A noite enaltece

Andando pelas vias congestionadas
O dia se perde
Nadando pelas águas poluídas
A noite se perde

Entre ser presa ou caçador
A vida escurece
Entre ser preso ou libertador
A morte enaltece

Andando pela riqueza
A vida se perde
Nadando na pobreza
A morte se perde


OTÁVIO SCHOEPS

Sobre a miséria da existência


 ``Fui posto a caminho entre a miséria e o sol” (Albert Camus)

  Quanto ao fato de sermos homens nos traz culpa e angústia e toda sorte de sentimentos comuns ao nosso cotidiano podemos exigir o que de nossa vida além de uma revolta anterior a nossa vida. A miséria humana é espalhada por toda a terra e podemos observar todas as condições dos homens frente ao desespero humano não existe precedentes na sociedade moderna em que podemos ver o homem extremamente em descompasso com sua vida não podemos vislumbrar nada apenas podemos ver a cada dia nossa miséria forçando cada vez mais nossas mentalidades. Não podemos exigir soluções da vida ela não nos traz nada mais que uma realidade invertida mistificada pela sociedade mediada pela modernidade podemos então escapar as soluções do cotidiano nos revoltando frente à realidade da miséria humano física e existencial frente ao sol debaixo dessa estrela radiante. Talvez nada possamos fazer apenas a revolta nos é dada como solução onde a vida é um caminho de miséria em que todo homem passa sem estar imune as condições materiais e vivências dessa experiência.


Bruno Neto

terça-feira, 4 de novembro de 2014

A SAGA ÉPICA DE MINHA ESPÉCIE: Anthropos


Homem! Criatura errante que tem rastejado
improficuamente pelos séculos em fúria.
Primata descarado que vive acorrentado
à fria ampulheta de luzes e trevas da História.

Macaco matreiro que caiu da árvore,
seu bipedismo conferiu-lhe evolucionária vantagem
para percorrer a geografia de todo o orbe terrestre.

Sobreviveu estoicamente à glaciação das eras
deixando pintada nas paredes das cavernas
a imagem ocre de suas mais vãs crenças e ilusões.

Lascou sorrateiramente a obsidiana e domesticou o fogo,
as constelações, os cereais, o falcão e o lobo...
Tendo vertigens, interrogo-me: quem te domesticará, ó Homem?

Ah Homem! Olhando fixamente para o espelho 
reconheço-me sinistramente em sua figura,
pois quantas vezes largados feridos e desolados
uivamos incompreensivelmente, juntos, a noite, à luz da lua
 as mais nuas e profundas angústias existenciais de nossa espécie?

Homem! No torpor de nossa raça, no turbilhão das gerações
o fruto amargo de seus genes condena-me, ó ser mundano...
Pois já fui habilis, já fui erectus, sou sapiens
e agora só me resta: SER HUMANO...


RODRIGO PETIT- 29|10|14
Poeta das Causas Perdidas