quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Faz frio debaixo dos cobertores, amor.


Minha vontade de voar é visível pra quem me enxerga com outros olhos. Com os mesmos olhos de quem me cortou as asas. Estar preso no chão é mais tortuoso do que pensei. Mas me acostumo. Sempre me acostumei, não foi? Por minha sede de viver ser enorme. Os velhos amores não morreram, só viraram lembranças. Por mais orgulhoso que seja, reconheço que tirei lições deles. Lições que agora te ensino, Beija-flor. Às vezes eles voltam, como ventos fortes batendo nas janelas. Aprendi que mantê-las fechadas evita dores…

Pra mim toda a poesia tem um lado sentimental, tem um pouco da dor-de-cotovelo, das lamentações. A minha poesia é formada disso. É engraçado, porque há alguns anos, eu me via sentado na rua, fazendo a minha poesia de calçada. Eu desejava ser assim, largado. Mas meu coração não quer mais isso, meu bem. Bastou ele te conhecer para abandonar toda a vida vagabunda que planejei…

Não mentirei pra você. Demorei a me acostumar com a dor que os teus espinhos causam quando entram em minha pele. Eu, que sempre fui um puta covarde, me doía sem reparar na tua dor intensa. O calor da tua pele é incrível, meu bem. É de queimar a minha. E o cheiro de mar do teu cabelo está por toda parte. Agora sei o porquê de você sumir às vezes. Eu não presto amor. Nunca prestei. Eu já matei algumas vezes, mas me mataram muito mais…

Hoje eu sei que estou inteiro e consciente, mas amanhã mesmo posso estar dilacerado. Eu mudo como as estações. Aliás, coisa que nunca entendi. Nunca vi a diferença que talvez exista entre as estações, pois quando você estava presente, o frio não era incomodo algum. Mas sem você tudo é inverno. As coisas realmente mudaram por aqui… E pra pior. E é por isso que eu digo que faz frio lá fora. Faz frio debaixo dos cobertores, amor.

- Isabella Gomes

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