sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Fevereiro / Graças Mãe / Vida Operária


Eram 3:20 da madrugada do dia 17 de 1990 - um sábado. A operária, grávida de 9 meses, saía de sua casa para mais um dia de trabalho. Naqueles tempos a empresa só dava 4 meses de licença, e ela resolvera trabalhar até que seu filho nascesse, para poder ficar 4 meses em casa.
A tecelã sente dores, mas acredita que são dores de coluna, resultado do trabalho estafante que desempenhava na fábrica. Porém, logo percebe que era a hora do parto, então se encaminha para o hospital mais próximo.
O trabalho na fábrica era exaustivo, além dela muitas outras mulheres trabalhavam na produção, sob telhas de zinco, em um calor insuportável, elas carregavam pesados rolos de fios e reabasteciam os teares. Haviam ventiladores que lançavam jatos d´água, no entanto estes nunca eram ligados pois havia o risco de cortar os fios. O bem estar da mercadoria tinha maior importância que o dos operários. Quanto sofrimento as paredes de tijolos vermelhos daquela fábrica testemunharam.
Por volta das 8h da manhã nasce o bebê da jovem operária. Era um menino, nasceu saudável e com os olhos curiosos, observava tudo. A mãe sabe que naquele dia começaria uma longa missão, ou seja, sustentar e educar o menino até que se tornasse homem. Uma difícil tarefa; porém nada diferente, não para uma operária, as tarefas nunca são fáceis na vida de uma operária...


"Já se passaram 22 anos. Hoje o bebê dessa história - 100% real - é um jovem. Um jovem que tem muito a agradecer a essa operária.
Muito obrigado mãe, a senhora é a grande responsável por eu ter chegado até aqui e poder escrever estas linhas. Obrigado por tudo. Obrigado por todos os sacrifícios e privações que passou por minha causa."


Marco Aurélio


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