O Relógio de pulso aponta 12:26, ele dormiu com o relógio no braço, chegou tão tarde da madrugada que esqueceu de tirá-lo. Ele olha a hora e se lamenta , como pôde acordar tão tarde, já se foi metade do dia e ele apenas dormiu. O Professor Pedro já estava farto dessas férias.
Levanta, ainda meio sonolento, por incrível que pareça. Uma forte dor no ombro o incomoda bastante, então, apesar de não ser muito fã de medicamentos, engole um comprimido analgésico para aliviar o sofrimento que começara já cedo.
Sua velha mãe havia saído, resolver assuntos no centro da cidade, mas deixara o café sobre a mesa. Nosso jovem docente esboça um sorriso ao ver o zelo que sua mãe tinha por ele, apesar de já ser um jovem adulto ela ainda o tratava como um garoto.
Ele toma uma boa canecada de café e apanha um guaraná na geladeira para alegrar um pouco seu dia. Depois do café ele liga o computador afim de assistir alguns clipes, ler algumas notícias, enfim, se distrair. Suas leituras estavam meio paradas, ele não tinha ânimo para ler, por incrível que pareça a lei da inércia parecia se aplicar aos hábitos também.
Pois sim, ele percebera que quando estava trabalhando ele lia mais, apesar de não ter tanto tempo, agora parado a tendência era continuar parado. Engraçado. Isso é o que Pedro achava, porém não poderia permanecer desse jeito por muito tempo. Ele sabia disso.
Pedro sintoniza uma rádio que gosta de ouvir, a Kiss FM , e dá um trato nas suas coisas, já eram quase quatro horas da tarde quando ele resolve arrumar sua cama. Vejam só que dia jogado fora.
Depois disso pega um pouco o violão, ensaia umas músicas, canta um pouquinho - desafinado como sempre - e dá uma pausa para curtir um som. No Rádio estava rolando Skid Row - Breakin' Down. Então ele se lembra da noite que passara, da bebedeira com os amigos e da conversa que rasgou a madrugada na praça da Amizade. Lembra de Lindsay, da agonia e do desespero que ambos sentiam por não saber para onde ir e o que fazer de suas vidas. Parece que todas as coisas mudam mas isso nunca muda, ninguém sabia o caminho, ninguém sabia para onde estava indo.
Não importava pela ótica que se olhava, fosse pelo realismo marxista ou pela abstrata filosofia de Schopenhauer, as coisas não faziam muito sentido. Por enquanto Pedro fazia o que era possível fazer, viver a vida e procurar as perguntas certas.
Pedro estava angustiado com tudo isso. Mas ainda assim estava melhor que muitas pessoas, isso não podia negar. Enquanto ele possuía abrigo e café quentinho sobre a mesa, havia tantos que nem isso possuíam. Sua maior preocupação era um rumo para dar a vida, menos mal, ao menos não tinha que se preocupar com a sobrevivência, essa parecia garantida naquele momento.
Marco Aurélio
Marco Aurélio
Boa, texto legal!!
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