Olá, me chamam de Professor Pedro. Sou o protagonista das histórias que nosso amigo, e também professor, Marco Aurélio vêm publicando.
Em primeiro lugar gostaria de dizer que aqui estou, escrevendo estas linhas, a convite do próprio. Em seguida, quero agradecer imensamente a oportunidade, afinal é muito bom falar por si, e expressar minha visão sobre toda situação na qual me encontro.
Muito bem, feitas já as devidas explicações e formalidades, creio que já possa começar a lhes contar minha história.
Como já disse, me chamo Pedro. Tenho 23 anos, e sou paulista de nascimento. Há algum tempo trabalho na educação, e também há algum tempo venho observando o estado calamitoso em que a mesma se encontra.
Não preciso falar muito sobre a situação crítica em que a educação se encontra, onde sua maior função não vêm sendo cumprida. Ou seja, a de ensinar o individuo toda a sua bagagem cultural; e também os saberes e conhecimentos que a sociedade em que ele está inserido tem acumulados. Não só ensiná-los como repensá-los, assim preparando o educando para conquistar sua autonomia dentro da mesma.
Os problemas que levam a essa situação são muitos, sendo que boa parte deles já foi aqui denunciada pela equipe do Blog. Mas para ser bem didático e dialético, irei repeti-los.
Muito bem, o principal sem dúvida é a falta de investimento - parte da estratégia do estado neoliberal de corte de gastos em áreas sociais. Fato que desmantelou e sucateou a escola pública. Outro, de igual peso, é o fato de que muitos dos meus colegas de profissão já capitularam mediante a caótica situação, o descredito de sua profissão perante a sociedade e o aviltamento de seus salários.
Fora esses dois enormes problemas, ainda temos a falta de recursos, de materiais - ambos decorrentes da falta de investimento - e de autonomia em sala de aula. Superlotação nem se fala, pois esta salta a vista em qualquer escola que se vá.
Porém, é ingenuidade acreditar que o problema esteja só na escola, pois o meio social e familiar não tem sido favorável para a plena educação do aluno - uma vez que a geração de pais atual é vítima do mesmo processo de sabotagem do ensino público e alienação em massa.
Partindo do pressuposto Freyriano de que ensinar não é meramente transferir informação, não podemos acreditar que somente o fato de alunos e professor ficarem confinados no mesmo lugar por algumas horas irá gerar o aprendizado. Isso é uma besteira, e das grandes.
O conhecimento deve ser alcançado. E para isso é necessário empenho de ambos - aluno e professor. Sobretudo, são necessárias condições favoráveis para que esse conhecimento possa ser efetivamente alcançado ao longo do ano letivo.
Acreditem amigos, isso é realmente complicado de se obter, dentro da estrutura neoliberal e mesquinha, eu diria que é praticamente impossível.
Mas em ultima instância a gente escolhe, é nosso dever lutar por melhores condições de trabalho, porém também é nosso dever fazer o melhor que podemos com o que dispomos em mãos no momento.
Por isso caros amigos, ainda acredito na educação, por isso me empenho, me repenso, me envolvo diretamente na luta e na militância por uma educação melhor para nosso país. Por isso sou Professor Pedro, com muito orgulho, por que sei que há tantos outros Pedros por ai, tão angustiados e ao mesmo tempo tão esperançosos quanto eu.
Um forte abraço aos amigos e leitores do Lâminas Verbais, obrigado a toda equipe por ceder este espaço, e até uma próxima oportunidade.
" E Viva o Brasil!!! "
Professor Pedro