quarta-feira, 6 de maio de 2015

Professor Pedro / Panelaço / Namorada.



Nos primeiros dias de maio fazia um friozinho gostoso durante o dia, e, ao final da tarde, um suave vento gelado dava aquele tempero de inverno para um café bem quente.
Pedro, sentado em sua escrivaninha, rabiscava um caderno, tentava encaixar umas rimas e esquematizar versos para sua pequena; iriam encontrar-se em instantes. Ele passa as mãos por entre o emaranhado de fios pretos que compõe sua barba, toma um generoso gole de café - quase sem açúcar - e pensa, escreve, rabisca, amassa, recomeça...

No entanto, algo inusitado acontece enquanto Pedro trabalha em seus versos, um estranho barulho de metal tilintando invade os cômodos de sua casa. Ele procura a origem do som e percebe que o barulho vinha de sua vizinhança. O que seria?
Ele abandona o poema e pensa por uns instantes, então uma suspeita surge em sua cabeça, ele decide ligar a TV para confirmar... Sim! Era isso mesmo, estava passando o programa do PT...
Pedro desliga o aparelho e volta para seus versos, termina e enfia no bolso da calça, veste sua jaqueta jeans surrada e sai em direção a praça, onde sua namorada o encontraria.
Caminhando pelas ruas, suavemente acinzentadas pela atmosfera de outono, ele reflete sobre o momento que vive seu país. Era estranho, parecia que as pessoas não mais conseguiam pensar, as ideias apresentavam-se estáticas, imóveis, estéreis. De um lado um governismo bobo e inocente, completamente castrado de senso crítico, de outro a mais vil ignorância daqueles que perderam um pouco dos privilégios e vociferam, deixando transparecer toda violência de seu "Ethos Senhorial".


Pedro estava preocupado, a situação não ia bem, estava em greve e sem salário, suas economias minguavam, aguentaria mais um mês apenas... E pensar que gostaria de viajar nas férias, fazer o que...
A conjuntura era difícil de ler, muitas ideias difusas estavam ocultas na neblina da dicotomia PT e PSDB.
A praça se aproximava, ele espanta suas incertezas e se concentra apenas no passeio com sua pequena. Afinal, tudo ia mal, mas sempre haveria tempos para uns versos e uma volta na praça, uma cerveja numa mesinha de bar e longas conversas sob o céu estrelado.
Pedro e sua pequena sabiam, nenhuma adversidade econômica seria capaz de embrutecer seus corações!!!

Marco Aurélio

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