Era final de outono na cidade onde Gleizzon vivia, a noite o vento soprava gelado, isso fizera com que nosso jovem palhaço contraísse uma incomoda tosse, seca e irritante.
Ele saia da casa de sua namorada, sim ele tinha uma namorada. Um abraço carinhoso e uma expressa recomendação: - Coloque o capuz, pois está resfriado. Gleizzon obedece.
Ele caminha até o ponto em passadas apressadas, pois segundo seu celular o ônibus passaria em instantes. Dobrando a esquina, com as barbas enterradas no capuz e as mãos enfiadas nos bolsos do agasalho, o jovem avista duas silhuetas em torno de uma moto. Eram duas moças, uma pilotando e a outra de garupa.
A moça da moto começa a gritar com a garupa, que não entende bem o que se passa. Então a garupa avista Gleizzon indo em direção a elas, que estavam paradas em frente ao ponto de ônibus, e apressa-se a subir na moto.
Neste instante o jovem entende o que se passa, confundiram o palhaço com um bandido. Que pena para ele, como se explicar sem assustar ainda mais? E afinal, havia algo a ser explicado? Ele só estava se agasalhando para não adoecer ainda mais!!!
Gleizzon pensa em gritar: - Eu só quero pegar o ônibus, se acalmem!!! Mas isso lhe pareceu ser uma péssima ideia. Então ele pensa em tirar o capuz e acenar, mas talvez nem prestassem atenção. Muitas coisas passaram pela cabeça de Gleizzon naquele instante, e a melhor delas foi a de parecer inofensivo. Como? Virando-se de gostas era a resposta, afinal como atacar alguém estando de costas?
É parece que funcionou, as moças saíram com a moto e Gleizzon ficou sozinho no ponto de ônibus. Ficou meio apreensivo, afinal, será que foi isso mesmo? Será que elas foram embora pensando que o pobre palhaço era um bandido? Poderia mesmo ser isso. E o pior, era compreensível.
Tanta tragédia televisionada e estampada nas manchetes dos jornais. Vivemos em estado de alerta, em estado de sítio. O que era para ser um simples encontro entre pessoas em um ponto de ônibus, numa noite de inverno, transforma-se em um drama, em uma tragicomédia.
Bom, em sua casa, Gleizzon resolve não pensar mais nisso, toma um chá com limão e deita-se, pois o amanhã seria mais um duro dia na vida do jovem palhaço...
Marco Aurélio.
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