sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Professor Pedro / Aulas Particulares / Temporal


















O Professor Pedro estava cansado do aviltamento de sua categoria - a categoria "o" - e decidiu se arriscar por uns meses na educação privada. Fez o acerto de contas com o Estado e deu inicio a sua carreira no ensino privado. Embora não pudesse esconder a ansiedade pelo retorno; se tudo ocorresse bem voltaria já efetivado. Para completar o orçamento pegou algumas aulas particulares, onde tinha de ir até a casa de seus alunos lecionar. Foi num desses dias que esta breve história aconteceu:
Pedro voltara do colégio onde leciona, tomou um banho rápido, penteou os cabelos que já começavam a ralear em sua cabeça, vestiu-se e saiu.
No coletivo notou que as nuvens começavam a se adensar, parecia que bem naquele instante ia cair a chuva que SP tanto estava esperando. Que sorte a de Pedro não?
Assim que desceu do ônibus o santo que lhe empresta o nome começou a escancarar as comportas do céu, a umidade acumulada nas nuvens começara a precipitar. Pedro ajeitou as golas de sua camisa e começou a correr, antes que a chuva apertasse.
Foi na direção do condomínio onde morava seu aluno, por sorte só começou a chover com maior intensidade no instante em que já estava próximo a portaria onde teve de tocar o interfone e aguardar uns instantes.
- Pois não?
- Olá, é o Pedro, sou professor do...
- Ah, um momento, vamos informar de sua chegada e já abrimos.
O protocolo mandava que não abrisse o portão até informar o residente sobre a chegada do visitante. Mesmo que Pedro já fosse conhecido, protocolo era protocolo.
Enquanto aguardava Pedro percebeu que a chuva começou a ficar mais forte. Em poucos instantes a garoa fina se transformou em um terrível vendaval, não havia como escapar.
Pedro tenta se esconder atrás da guarita de segurança, mas era inútil, as gotas de água vinham por todos os lados e eram arremessadas sobre ele com enorme violência.
Pedro já estava bastante molhado quando o segurança disse que ele podia entrar. Àquela altura já não fazia diferença, mesmo assim o jovem docente pediu para se esconder na cabine até que a chuva passasse.
O protocolo dizia que não; mas a humanidade do segurança dizia que sim. Então Pedro arranja um abrigo.
Por dentro percebe os vidros, todos blindados, espelhados por fora e transparentes por dentro, ao bom e velho estilo "Grande Irmão".
No fim nosso jovem professor decide correr até o elevador na chuva mesmo. Junto com ele sobe um rapaz que trazia de volta os cachorros de uma madame que estavam no Pet Shop. Por ironia do destino os cães estavam mais secos do que ele.
Este foi mais um dia na vida do Professor Pedro...

Marco Aurélio.





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