quarta-feira, 3 de julho de 2013

Um Relato da Militância - Por Alan Diego Peniche

Olá,

Venho aqui fazer meu relato do dia de hoje (02/07/2013).
Estive presente no ato e vi cenas que me causaram satisfação e surpresa.

Vi pessoas com ideais, que não quiseram baixar a cabeça diante de um estado corrupto, opressor e fascista. Este estado, representados com seus instrumentos de coação, porcos fardados e pau mandado, não por opção, mas por obrigação e com mentes moldadas a servir à pequena massa, não à população.
Primeira tropa, segunda tropa (Choque), terceira tropa (Cavalaria) e quarta tropa (Comboio de viaturas). Prontas e a postos para sufocar quem apenas quer ver seus direitos cumpridos, seus impostos bem aplicados e sua voz sempre ouvida.

Ouvi comentários de que após a ponte da Raposo, no Jardim Tatiana, haviam manifestantes gritando por atenção. Atenção essa não dada num dia comum...
Disseram que a policia estava impedindo que a população de se manifestasse por lá. Convidei então meu amigo Bassi, para que me acompanhasse até o outro lado na ponte, com a intenção de fazer um link entre os dois atos, e fomos.
Durante o caminho já era visível a massa de militares impedindo o cidadão de se juntar ao movimento da Armando Panunzio, de ir e vir como bem entender.

Cheguei na boca do bairro e não vi nenhum movimento, a não ser de alguns retornando da tentativa fracassada de passar pelos PM's.
Parei alguns deles e questionei o motivo do retorno. Me disseram: "Não estão nos deixando passar.” Eu e meu amigo nos revoltamos, "Como eles podem fazer isso?". Logo perguntei para o mesmo se ia ficar assim, como está. Me respondeu com um sorriso no rosto, "Não, vamos fechar isso tudo".
Senti que não estava perdido, e não estava!
O primeiro se dirigiu a estrada Sorocaba-Salto de Pirapora e fez sinal para que os carros reduzirem a velocidade, e assim pararam uma das vias. Corremos junto a ele.

Em meio a confusão, gritei para fazermos uma corrente. Assim foi feito, juntou-se a nós mais alguns, aproximadamente 9.
Sabe o mais legal? É que a corrente não era o suficiente para fechar a estrada por completo, então vi um grupo de 4 ou 5 crianças, de 12 anos +-, correndo em nossa direção e dando o braço, para trancarmos as vias. Preocupei-me em por a vida deles em risco, mas fizeram questão, então deixei. Senti orgulho e esperança em saber que pode vir uma boa leva de cidadãos por aí. Ao contrário de uns marmanjos, que preferiram ficar em cima de um morro, falando que éramos loucos e nos pedindo para liberar a pista, aqueles pequenos vieram.
Pensando bem, não os culpo, é compreensível. Quem conhece o bairro, sabe como foram acostumados a serem esquecidos.
Me lembra o povo de um certo país, aquele que vai ser sede da Copa da Fifa. Pelo menos eles estão começando a ter consciência.

Dois carros partiram para cima de nós, que foram chutados e vaiados pelos presentes. Após alguns minutos, um caminhão avançou em nossa direção. Fizemos gestos para que parasse e entendesse nossa manifestação. Ele gritou: "Tenho pressa, preciso fazer essa entrega". Automaticamente respondi para que ligasse para sua central e avisasse que estava em meio a uma manifestação. Insistimos, e assim fez.
Eu e meu amigo vimos nesse caminhão uma ótima maneira de ser mais efetivo no movimento, pedimos para que nos ajudasse, deixando veiculo na transversal da estrada. Ele deu uma leve ré, era próximo ao que queríamos, mas o necessário para impedir que outros automóveis tentassem furar o bloqueio.

Desde o inicio do bloqueio passaram-se uns 20, 25 minutos, e logo veio duas viaturas e seus cacetes apontados em nossa direção. Infelizmente não podíamos resistir, além de serem poucos os efetivos manifestantes, 15 +-, tinham menores no meio. Uma resistência naquela situação seria irracional.
Conseguiram nos dispersar, mas mais tarde fiquei sabendo que causamos alguns quilômetros de congestionamento. O que é ótimo, afinal, com toda aquela força militar contra poucos manifestantes era injusto, e qualquer dor de cabeça que pudesse-mos causar era bem vindo.
Meu amigo me fez pensar, por que no ato de quinta-feira (20/06) não colocaram toda essa força na rua? Não são burros, né?! Aquela tropa toda não daria conta... É mais fácil inibir assim.
Tudo bem, é só o começo. Vai aumentar!

Na volta, nos deparamos com a mesma PM nos impedindo de voltar ao ato principal, dizendo que se passássemos por eles, seriamos recebidos a borrachada pela tropa de choque. Meu amigo gravou, estará na internet para quem quiser ouvir...

Junto ao manifesto da avenida Armando Panunzzio, descemos em direção ao Fórum Velho e vimos lixo jogado pelo chão, com a intenção de nos taxar de vândalos. Coletamos e o colocamos na calçada. Logo vieram os moradores dizer que foram os Amarelinhos. Sim, aqueles safados que ganham para multar, e não para fiscalizar o transito.
Detalhe na equipe de reportagem, que vira e mexe tiravam fotos de nós. Torço com junto à minha inocência de que não distorção a realidade, pois tinha uma que só tirava foto dos lixos que largaram pela avenida, provavelmente para rotular negativamente o movimento. Como se já não nos humilhasse em demasia postando nossa luta em sua mídia manipuladora, que prefere a estória em vez de história.

Para finalizar minha "fala", gostaria de dizer que a palavra do dia é ORGULHO. estou orgulhoso de tudo que aconteceu hoje, das crianças, do caminhoneiro que foi compreensível e colaborador, da população que sinalizou a aprovação de nosso manifesto e de todos os companheiros que estavam presentes na luta.
A juventude é a revolução!

por Alan Diego Peniche.
vulgo Peniche.

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