A
periferia cresce as margens, sempre as margens, e lá está um garoto soltando
pipa, vê a disputa por uma pipa, sim, o mundo é uma competição, o menino chega,
em sua casa, e escuta as novidades do bairro recém criado pela especulação
imobiliária, o morador da rua de cima havia furtado roupas do varal de seu
vizinho, e o vizinho o matará por causa disso, e o menino pensa “somos como
cães disputando resto de comida, talvez por isso o noticiário chama os crimes
daqui de “mundo cão”, eis minha morada”.
Ele
vê como sua comunidade se porta na fila de ônibus, na fila da merenda escolar,
e chega a conclusão: somos desunidos.
Ele
não confia mais em ninguém, se fecha para as pessoas, pensa em justiça, sim ele
faria justiça, nada melhor que uma farda para fazer justiça.
Essa é origem da
escolha do menino da periferia que se tornaria um policial condecorado, e um
futuro terrorista sem escrúpulos.OTÁVIO SCHOEPS
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