No apartamento bagunçado está o Astrônomo
velho e solitário, com seus livros e tratados pelo chão,
não fez grandes descobertas e seus artigos não receberam nenhuma premiação.
Com sua velha Luneta observa o céu, é o que mais gosta de fazer para distrair a solidão.
Acidentalmente mira o prédio da frente, e na janela entre aberta ele vê.
Vê uma bela moça, com a saia rodada e o cabelo amarrado com um laço de fita.
Ela dá saltos e faz giros, equilibrada na ponta das sapatilhas.
Se move com graça, beleza e leveza. Moça, tão moça... moça bonita.
Nem Galileu, nem Copérnico, tampouco Newton explicariam.
Não havia órbitas, nem constantes, somente incógnitas.
Os olhos do Astrônomo se agitavam, pelos movimentos que se seguiam.
No meio da sala a moça pára, com sua pele alva e os olhos fixos.
Mira o velho cientista e ele se esconde, envergonhado.
Por uns instantes esqueceu o infinito, enternecido, pela graça e beleza de uma Bailarina.
Marco Aurélio