Alho socado, pimenta do reino, cheiro-verde, manjericão, e limão rosa. O frango foi temperado, não era o caipira criado solto no meio do milharal e sim comprado no supermercado, embalado e congelado; no entanto o mais importante naquele dia seria a tradição da família.
Farinha de mandioca, ovos, toucinho defumado, cebola, linguiça, azeite dendê e miúdos da ave, acompanhariam o assado à mesa.
O forno já não era de barro, aquecido com as brasas dos tocos de árvore, e sim, à base do combustível comprimido no botijão, todavia, a cozinheira pretendia manter a tradição em mais um domingo de maio.
A simbólica data jamais deixou de ser comemorada com mesa farta lá no topo do morro Paranapiacaba.
A música a tocar trazia nostalgia a pequena cozinha, da casa nova na cidade, comprada em plano de trezentos meses. A moradia em nada se parecia com aquela feita de madeira e tão espaçosa lá no alto da serra.O rádio também já não era o mesmo, aquele de pilhas ficou jogado na lama do banhado. Pois a moderna moradia possuía energia elétrica, porém a mulher olhou pela janela e não conteve a emoção ao lembrar do lampião, fogão a lenha, e galinhas cacarejando a procura de insetos para os pintinhos no quintal.
Belas lembranças, triste realidade. O cheiro de gás interrompeu os pensamentos da solitária senhora. A farofa virou cinzas e o suculento prato, carvão. A baiana chorou, não pela dor das queimaduras nas mãos, mas sim pela ausência dos filhos dispersos em compromissos diversos.
Não só habitação e utensílios eram outros, os hábitos também mudaram. A numerosa família quebrava a tradição passada de pai para filhos.
Falamos não das mães dos reclames comerciais, e sim, das donas ninhas espalhadas pelo mundo, estas não são virtuais, são de carne, osso, sofrimento e muito amor.
Tanta falta, elas nos fazem.
O segundo domingo de maio é muito triste
aquele que tiver duvidas deve
deixar o órfão opinar...
Autor: Neusir Índio.
Estou simplesmente encantad,o que quero dizer aqui é simplesmente que a experiência de ler seus textos tem sido INCRÍVEL.
ResponderExcluirCarolina Mariano
Índio,suas histórias sempre se encontram em algum momento da minha vida,no que acontece,ou no que desejo.
ResponderExcluirA dona ninha me faz pensar na minha,embora eu nem sequer lembre dela,me faz feliz,embora meu segundo domingo de maio seja tão triste.
Você sempre me emociona.Amo você.
Beijos da orfã - Sua maior fã.
Gabi