domingo, 27 de novembro de 2011

O que Será?

O que será que acontece com meu cérebro cada vez que olho para o céu? Com minh'alma?
Toda vez que fico sozinho o suficiente e com uma pequena dose de silêncio, posso observar o que me cerca, sentir o vento suave acariciar as faces.
Eu não sei dizer ao certo o que há de tão incrível em coisas que sempre tivemos. O céu, o vento, são coisas que desde sempre fizeram parte do Universo de minha raça - o homem.
Até mesmo antes de poder dizer céu, ou vento... O homem só chegou onde está por ter vencido todas as lutas que travou contra a natureza. E agora, vejam só, estamos perdendo uma luta contra nós mesmos.

Alex Supertramp

Não somos capazes de vencer o individualismo e o consumismo absurdo que a pós-modernidade nos impõe. Não somos capazes, sequer de derrubar nossos governos - que são tiranos.
Só não pensem que sou um destes que aponta uma direção, não, eu também não sei para onde ir. Não sei o que fazer, mais sei o que não quero fazer, é hora de começar a dizer não.
A pergunta é, para onde correr? Quando até mesmo o computador onde digito estas linhas que serão publicadas, é uma mercadoria cuja venda contribui com o financiamento de um sistema detestável e desumano. Não posso negar isso, mas quanto menos nos vendermos, melhor.
No começo, há certo tempo atrás, a luta do homem era contra a natureza. Agora nossa luta é contra essa ordem social, mesquinha e insana, que querem nos empurrar goela abaixo como sendo natural.


Marco Aurélio

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Professor Pedro / Duas Rodas / Suor

 O Professor Pedro enjoara da vida de busão, e não se adaptara a vida de motorista. Também pudera o caos infernal que é o transito nas grandes cidades só poderia mesmo aborrecer o pobre rapaz.
Então, ele optara por comprar uma bicicleta. Foi ai, caros amigos, que ele encontrou a verdadeira diversão. No começo foi complicado, suas pernas estavam duras por conta do ócio em que se enfiou nos ultimos anos, porém, logo suas pernas pegaram o jeito e Professor Pedro passou a rasgar as avenidas dessa cidade, podar os carros no congestionamento quilométrico dos finais de tarde e engolir o suor de suas faces "adrenalizadas".
O jovem docente se sentia renovado, era como se estivesse e meio a adolescência novamente. Ele realmente tinha se esquecido como era depender apenas do movimento de suas pernas e de uma máquina simples para se mover pela cidade. Sem documentos, sem burocracia, sem radar, semáforo, ou qualquer coisa que lhe impusesse limites, a unica coisa de que dependia era de suas máquinas, uma que nascera com ele - suas pernas - e outra que ele adquiriu por meio da compra do trabalho alheio, mas isso não importava para ele, claro que ele reconhecia o trabalho de outrem, mas essa dupla não tinha limites a não ser seu próprio folego.
Então, e meio a uma descida fantástica, daquelas de tirar o folego ele se lembrou que não precisava de mais nada, somente do sopro de vida que lhe era dado todas as manhas e das relações humanas não ilusórias, mas sinceras. Sem amor, sem compromisso, sem culpa, sem dor, sem sofrimento, sem arrependimento, o lance era ele o suor de sua testa e quem mais quisesse segui-lo nessa jornada.
A espontaneidade das pedaladas e o vento fresco batendo em seu rosto o mostravam que estava vivo, seu coração batia firme, e o sangue aquecia-se em suas veias. O Jovem Professor Pedro encontrou seu transporte.
Bem no momento em que perdera todas as ilusões, em que perdera suas aulas, em que perdera todas as condições materiais e abstratas que fazem a vida das pessoas que não pensam felizes. Mas ele, e mais um pequeno apanhado de pessoas no mundo ,era diferente, ele sabia que o buraco era mais embaixo, e que a coisa era muito mais profunda que isso.
Sem pecado, sem certezas, sem acordos, sem limites, sem moderação. O negócio era pura e secamente viver, como as gotas de suor que pingavam de sua face e evaporavam no instante seguinte. Não há barreiras para os homens de sensibilidade, não há limites para mente nua que explora o mundo a sua volta norteada pela consciência insana de quem não se conforma com as coisas como elas são!!!!


Marco Aurélio

domingo, 20 de novembro de 2011

Impressão


O mofo, minha poeira
O passado, meu atraso
O sono, minha sujeira
O presente, de mim ausente

Ouço os risos
Escuto os passos
Vejo o esforço
E nada

Sinto o ódio já enraizado
Suas flores e seus frutos
Azedo e amargo
Um aconchego no escuro
Num impulso desmedido
Um assunto proibido
Uma cabeça em tormenta
Alastra-se na seca
Esse sol que queima derradeiro
Derrame luz, um pouco nesse canteiro

Os absurdos noturnos
A contradição que é vã
A interpretação sem razão
Sobre os presságios e o medo do por vir
A colheita que é perfeita
Essa sujeira que é poeira
E hoje, nem é segunda-feira

OTÁVIO SCHOEPS

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Nós destruímos a natureza... e a natureza vai nos destruir.

"Participação especial de uma jovem garota do 2º ano do Ensino Médio - Etec Fernando Prestes. Primeira participação feminina neste Blog. Espero que gostem"
Marco Aurélio
  
 Rio Tietê

Quando o último rio secar,a última árvore for cortada e o último peixe pescado,o homem vai perceber que dinheiro não se come.

Hoje visitei São Paulo. Embora já soubesse dos seus infindáveis problemas políticos,ecológicos e sociais,fiquei perplexa. A cidade mais rica do Brasil abriga a maior pobreza que já conheci.
Antes de chegar,obrigatoriamente,milhares de veículos pagam um pedágio caríssimo (o que torna incoerente o direito de ir e vir e todo o "lucro" obtido destina-se não sei pra quê,ou sei,né ?). Logo na entrada da capital do estado,avisto o que,teoricamente,é um rio,o rio Tietê,morto;resíduos humanos e resíduos industriais... e aves lindas "sobrevivendo" no meio de todo aquele lixo. Ainda na marginal,congestionamento a perder de vista e a poluição do ar,com a queima de óleo diesel e outros combustíveis ( o que torna o ar irrespirável).Mais à frente,a cena mais chocante do dia : seres humanos que vivem embaixo de pontilhões,dormem nas calçadas,em plena luz do dia,sob o frio,chuva e sujeira;vivem como ratos (vivem COM OS ratos),são tratados como ratos. Condenados a viver numa das situações mais degradantes de sobrevivência,o que expõe a falta de comprometimento do governo com sua própria constituição,a lei dos direitos humanos,que determina que todas as pessoas são iguais,ou seja,tem os mesmos direitos;mas estas pessoas que encontrei hoje não conseguem suprir nem ao menos suas necessidades básicas .. sinceramente,não sei o que é direito. Pouco mais tarde,presenciei um fato que aumentou mais ainda minha indignação: um mendigo ofereceu UM REAL para uma moradora de rua,pedindo em troca relações sexuais com ela,a dignidade dessa mulher foi esfacelada,eles não conhecem dignidade nem respeito. Se a mulher sofre injustiças até no mais alto nível da hierarquia social,imagine estas mulheres de rua .. o abuso não para aí. Em todas as ruas há polícia pra todo lado,de que adianta? São miliciantes. Tudo isso é fruto do capitalismo.
O capitalismo ludibria com todas as vantagens que aparenta ter,mas  seu objetivo é destruir o planeta. As indústrias poluem o ar,a água,mata os animais,desmata as florestas e os consumistas financiam essa matança em larga escala. A guerra com a bomba atômica iniciou a destruição do planeta e o papel do capitalismo é completá-la,restringindo a inteligência humana com sua doutrina de individualismo.
Embora haja tantos problemas,é possível revertê-los sim,agindo. Não falo sobre conscientização,pois todo o terror que citei aqui,os brasileiros escutam e veem diariamente. Eu peço que sejam cidadãos,não basta apenas o conhecimento,é preciso exercer a cidadania,sem medo.
Vamos fazer um movimento dando atenção ao que realmente tem importância,fazer projetos,reivindicar nossos direitos,para que as consequências do agora sejam reversíveis,as perdas ainda são reparáveis. Acabemos com o egocentrismo e pensemos na sociedade para viver num país melhor,pois o Brasil é o povo brasileiro,portanto, é o reflexo do que seu povo faz.
OS GRANDES SÓ SÃO GRANDES PORQUE ESTAMOS DE JOELHOS. LEVANTEMO-NOS.

Gabriela Felicio

Schopenhauer e o Amor

Olá amigos, salve salve. Voltando a ativa aqui com o trabalho no Lâminas, ainda tirando um pouco das ferrugens das engrenagens mas totalmente animado de novo.
Este artigo em especial, quero dedicar ao meu amigo Petit, nosso professor de filosofia da equipe, confesso estar ansioso pelo seu Feedback, e a outro amigo meu - Thiago Kava - que cursa filosofia em Pelotas . Enfim, chega de papo:

Nestes últimos tempos tenho lido algumas coisas de Schopenhauer, e feito alguns esforços para compreender sua complexa obra, "O Mundo como Vontade e Representação", porém, foi um documentário a respeito de suas explanações sobre o amor que me chamou bastante atenção neste final de semana.
Para Schopenhauer o amor é a coisa mais importante da vida, afinal a existência de nossa espécie depende disso. Ele trata o amor como algo de fundamental relevância em nossa vida, mas classifica de grande equivoco o fato de as pessoas relacionarem a felicidade com o amor.
Achei isso bastante interessante, pois em nossa vida as coisas acontecem mais ou menos assim, procuramos a felicidade absoluta no amor, mas muitas vezes, aliás, na maioria das vezes não a encontramos.
Para Schopenhauer as pessoas não precisam estar felizes para terem o amor. Isso é interessante, pois trás o amor para o campo do real. A vida é feita de muitos bons momentos, mas sempre tocada pelas mazelas sociais e desilusões de todos os tipos, essa coisa chamada amor não está fora de nossa vida social, não é um supra-sumo da existência, é apenas uma das inúmeras experiências que teremos ao longo da vida. Além disso, esse alemão maluco é pioneiro em atribuir razões inconscientes para a aproximação das pessoas, outra coisa bastante interessante. 
Por fim, deixarei o documentário na integra com vocês, espero que vejam e opinem. Afinal, nesta nossa sociedade  de consumo o amor é diretamente ligado a felicidade, e a propaganda faz com que seja diretamente ligado ao consumo, da forma mais piegas e materialista possível.


 vejam também a parte 2 e 3, onde ele faz os melhores comentários sobre o assunto.





Forte Abraço.

Marco Aurélio

sábado, 12 de novembro de 2011

O Palhaço Gleison



Era uma tarde de sábado, o sol estava brilhando com toda sua boniteza. Gleison, um jovem palhaço na casa dos vinte anos de idade, fazia sua apresentação em uma festa infantil.
A sua performance foi incrível, recebeu sinceros aplausos de algumas lindas crianças. Então acabada a festa ele fora para a casa.
Logo que chegou a sua casa, um modesto apartamento na região central, ele foi ao lavatório, lavar a maquiagem – que se misturava com o suor de seu rosto.
A cada mãozada d’água que lançava contra seu rosto, parava uns instantes para fitar-se no espelho. Gleison pensava no quanto era difícil ser palhaço, no mundo em que vivia. Afinal estava e meio a sociedade do espetáculo, onde todas as coisas eram, por si só, uma palhaçada.
Gleison terminara de enxaguar seu rosto e agora caminhava até a pequena cozinha, a fim de apanhar uma cerveja gelada no congelador.
Ele pega a cerveja, justamente o que precisava para relaxar. Era uma noite de sábado e ele estava em sua casa, sentado no sofá da sala e olhando para a TV desligada.
A TV desligada, para ele, era mais interessante que a TV ligada, pois deste modo era possível imaginar algo construtivo projetado na tela.
Ele tateia a mesinha ao lado do sofá e apanha um volume de Orwel - que deixara pela metade – e começa a ler.
Após acabar sua leitura, ele fecha o livro sobre seu peito, olha para o teto e pensa:  - Como é difícil ser um palhaço neste mundo. Como é difícil ser palhaço e ter consciência da palhaçada que me cerca.


Marco Aurélio

domingo, 6 de novembro de 2011

Algumas frases sobre o Brasil 1

Uma parte das elites, vêem os pobres assim como os jesuítas viam os índios; a outra parte vê os pobres como os bandeirantes viam os índios.

O Brasil não corre perigo de cair nas mãos nem da extrema direita e nem da extrema esquerda, pois o estado brasileiro é um Leviatã sem cabeça, ou seja, sempre nas mãos do PMDB.

O Brasil nunca praticou genocídio com negros e mestiços, pois a elite teria que trabalhar.

Somo cidadãos, no sentido que temos que ter documentos para abrir crediário, vender a força de trabalho, votar, prestar serviço militar e até para sermos presos.

Na ditadura persegue-se a oposição
Na democracia compra-se a oposição.

OTÁVIO SCHOEPS

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Zé Camarão e suas questões



Conhecido como Zé Camarão, menino nóia de qualquer periferia, sempre quando questionado o que é a vida?—repetia—é uma bosta; e assim viveu de alucinações e sonhos febris de uma infância mal acabada e de uma vida mal vivida. Sendo assim pela sua vida desregrada passou a noite ao relento tomando chuva e vento.
Amanheceu todo ensopado e catarrento; na sua cabeça não só os piolhos o incomodavam e sim uma secreção involuntária que lhe tirava a paciência e lhe assava o nariz, atrapalhando assim seu prazer de acender o cachimbo com sua pedra dos sonhos.
Ao refletir sobre a bosta de sua vida, chegou à seguinte conclusão:
Se minha vida é uma bosta essa catarreira é a cereja desse bolo de bosta que é minha vida. 

OTÁVIO SCHOEPS